Roubos a turistas acendem o alerta sobre as condições de segurança no Parque Tanguá, em Curitiba. Na manhã de quarta-feira (4), por exemplo, um homem armado com uma faca levou os pertences de uma turista do Pará que caminhava na parte de baixo do parque. A turista paraense Karolliny Borssatto, 25 anos, conta que foi abordada no momento em que usava o celular para tirar uma foto do túnel, que fica no paredão do Tanguá. Depois da ação, o homem fugiu pelo mato.
Segundo ela, a abordagem aconteceu em uma ponte próxima da lanchonete do lago. “Desci por um dos acessos e até vi o cara do outro lado do rio. Ele estava estranho e apertei o passo até chegar no paredão de pedra em frente ao lago. Fazia vinte minutos que eu tinha chegado ao parque. Achei que estava segura porque vi pessoas à volta, mas estavam longe. O assalto aconteceu quando peguei o celular para tirar foto. O homem chegou e tentou puxar o celular. Segurou meus braços para tentar tirar. Quando não dei, mostrou uma faca. Fiquei assustada e entreguei””, explica a Karolliny. “O pessoal que estava ali me socorreu. Todo mundo viu ele me abordar, mas ninguém tinha condições de fazer muita coisa”, lamenta a turista, que procurou o posto da Guarda Municipal do Tanguá para registrar a ocorrência.
Alguns comerciantes da região do parque, que preferiram não se identificar, disseram que os roubos costumam acontecer com frequência, sempre na parte de baixo do parque e sem um horário específico. Segundo eles, a maioria das vítimas é de mulheres. Eles dizem que as lojas não costumam ser alvo dos crimes, que se concentram nas pessoas que caminham pelo parque.
Apesar dos relatos, o comerciante Jefferson Luiz de Oliveira, 40 anos, defende que os roubos são casos isolados e que os cuidados com a segurança no local estão em primeiro lugar, tanto pela presença da GM quanto pela colaboração da vizinhança. “A Guarda Municipal faz rondas constantes. Eu e outros comerciantes também ficamos atentos para ajudar a proteger o parque. A falta de segurança está presente em todos os locais, não só aqui. É importante que todos tenham essa consciência para não espantar os visitantes”, diz. “A instalação de câmeras de monitoramento poderiam ajudar ainda mais a ronda dos guardas”, sugere o comerciante.
Segundo Oliveira, os roubos, quando acontecem, são realizados por pessoas que saem do meio do matagal. “Se tivesse câmera, daria para identificar essa movimentação incomum e os guardas poderiam agir mais rapidamente, antecipando e afastando os suspeitos”.
Já quem utiliza o parque como meio de trabalho afirma que é preciso ter cuidado no local. A reportagem conversou com um fotógrafo, que aproveita a paisagem do Tanguá para fazer ensaios, e ele afirmou que há preocupação entre os colegas de profissão com a onda de roubos em todos os parques de Curitiba.
“No caso do Tanguá, por causa do posto da GM, é de costume pedir apoio aos guardas na hora de fotografar lá no lago. Há uma preocupação com a segurança, principalmente por causa dos equipamentos de fotografia que têm um alto investimento. Temos que nos prevenir”, explica, ele também não quis se identificar. Segundo o fotógrafo, os casos de roubos acontecem, geralmente, com pessoas que descem até o lago desacompanhadas. “Ouvi vários relatos sobre isso. Parou, por um tempo, e agora parece que esse tipo de coisa voltou a acontecer com uma certa frequência”, contou.
A reportagem também apurou, conforme relato da turista Karolliny Borssatto, que os fiscais da prefeitura que trabalham no Tanguá costumam alertar turistas para não irem até a parte de baixo do parque desacompanhados. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente informou que não há orientação para os fiscais agirem dessa forma, e que as questões relacionadas à segurança são tratadas com a Secretaria de Defesa Social.
O que diz a GM
A Guarda Municipal tem um módulo fixo no Parque Tanguá. Por isso, o primeiro atendimento para ocorrências de roubo acaba sendo feito pelos próprios guardas municipais, mas como o posto está localizado na parte de cima do parque, até que a pessoa roubada na parte de baixo chegue até ele para informar a ocorrência, o suspeito, geralmente, já fugiu e a realização de buscas se torna impraticável. Um outro porém é a dificuldade de registro, que não é de responsabilidade da GM. Mesmo que a vítima chegue até o posto, a orientação dos guardas é para que elas procurem uma delegacia ou companhia da Polícia Militar para fazer o boletim de ocorrência (B.O.).
Para minimizar o problema de segurança no local, segundo Secretaria Municipal da Defesa Social, a GM realiza rondas preventivas e ostensivas motorizadas e a pé em toda a extensão do Tanguá. A pasta também informou, em nota, que foram registradas 17 abordagens a pessoas suspeitas no parque, como parte do trabalho de prevenção. Também houve a detenção de infratores em dois registros de roubo no local. E que a orientação ao cidadão, em caso de emergência, é comunicar imediatamente a equipe da Guarda Municipal de plantão para que sejam feitas buscas pelos arredores e, se necessário, seja solicitado apoio de outras viaturas da região.
A prefeitura não informou o número de agentes lotados no posto da GM do Tanguá, no entanto, na tarde de quarta-feira, durante a reportagem, três motos realizavam a ronda. Comerciantes da região também informaram que costumam ver, diariamente, pelo menos cinco guardas trabalhando no posto.
O que diz a PM
Em contato com a Polícia Militar (PM) sobre o assunto, a informação foi de as ações preventivas de segurança são realizadas em toda cidade, com prioridades baseadas no monitoramento do mapa do crime. A PM ainda informou que as ocorrências dentro do Parque Tanguá são de responsabilidade da GM, mas as vítimas dos roubos também podem ligar para o 190 ou fazer um alerta para uma viatura que esteja patrulhando a região. Também foi ressaltado pela PM a importância de se fazer o B.O. para a definição de estratégias de policiamento ostensivo na capital.
Sobre o número de boletins de ocorrência relacionados ao Parque Tanguá, nesta quinta-feira (5) a reportagem solicitou para a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), por e-mail, um relatório roubos registrados nos últimos seis meses. Segundo a Sesp, o levantamento deve ficar pronto em até 15 dias.
325 anos de Curitiba
No domingo (8), no Parque Tanguá, a partir das 18h30, o prefeito Rafael Grega participa da Serenata de Curitiba, evento que estava marcado para acontecer no dia 25 de março e que foi adiado por causa da chuvas que caíram na capital. A Serenata faz parte das comemorações de aniversário dos 325 anos de Curitiba. Durante esta semana que antecede o evento, o Tanguá passa por revitalização, que inclui o desligamento da cascata do parque para manutenção – em janeiro de 2018, como noticiou a Gazeta do Povo, o túnel e a cascata do Tanguá também foram desativados.