O ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado por homicídio com dolo eventual pelo Tribunal do Júri de Curitiba nesta quarta-feira (28). A pena é de nove anos e quatro meses em regime fechado, mas Carli Filho pode recorrer em liberdade. Os jurados decidiram por culpar o ex-deputado pelo duplo homicídio de Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida após o grave acidente ocorrido em 7 de maio de 2009.
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A decisão põe mais um capítulo na longa batalha jurídica pela família das vítimas desde a tragédia. Foram 33 recursos impetrados pela defesa do ex-deputado ao longo deste tempo, até a decisão final dos jurados. O julgamento é de primeira instância, portanto ainda restam diversos recursos para manter Carli fora da cadeira.
Para aqueles que estão respondendo processo em liberdade, como o réu deste processo, há o direito de recorrer também em liberdade. Só saem presos do julgamento em primeira instância os acusados que estejam cumprindo algum tipo de pena que restringiu sua liberdade.
Ao longo do julgamento, que durou um dia e meio, Carli admitiu culpa por ter causado o acidente, mas não a intenção de matar os dois jovens. Pediu ainda desculpas para Christiane Yared e Vera Carvalho, mães de Gilmar e Murilo.
Dor da perda
Em entrevista à Tribuna Christiane não escondeu seu incômodo em relação ao comportamento de Carli ao longo de todo o processo, em especial no último dia do julgamento. “Ele me olha e baixa a fronte, baixa os ombros, se balança como se estivesse chorando, mas levanta e não tem lágrima alguma. É um jogo de encenação”, reclamou.
Independente da sentença, Christiane já havia afirmado que, para ela, não faria diferença. “Isso porque a sentença que foi aplicada a ele tem prazo de validade. Mas a minha e a da Vera (mãe do outro rapaz morto no acidente), não. Nós vamos sempre conviver com a perda e com essa sentença de não termos mais nossos filhos com a gente”.
Sobre o pedido de desculpas que Carli Filho fez, ainda no final do primeiro dia de julgamento, Christiane disse ter aceito, mas esperava mais sinceridade. “Ele está perdoado. Até porque quem sou eu para não perdoar? Mas eu esperava, naquele momento em que ele se virou para pedir desculpas, que ele viria me abraçar. Ele não veio”.
Na saída do julgamento, Vera Carvalho, mãe de Murilo, desabafou. “Eu desejo que não tirem mais a vida de ninguém. Estou mais confortada. Saiu aquele peso daqui. Agora espero deitar e dormir”.
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