Cuidado redobrado

Risco de queimaduras em crianças aumenta 50% nas férias, alerta especialista

Foto: divulgação.

Com o início das férias escolares, os pais e responsáveis precisam estar ainda mais atentos à segurança das crianças em casa. De acordo com o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) – referência em Curitiba no atendimento a pacientes queimados, os acidentes que resultam em queimaduras infantis aumentam em cerca de 50% durante esse período.

Em média, o HUEM atende diariamente entre quatro e cinco crianças vítimas de queimadura. Dessas, uma ou duas ficam internadas. Já nas férias escolares a média passa para sete atendimentos e até três internamentos por dia.

A instituição, que possui uma ala pediátrica específica para esses casos, informa que quase todas as ocorrências de queimaduras em crianças acontecem dentro das residências e são evitáveis. Como nas férias as crianças passam mais tempo em casa, o número de ocorrências aumenta. A maioria acontece dentro da cozinha com crianças abaixo dos quatro anos.

Atenção redobrada com as crianças na cozinha!

A principal causa das queimaduras infantis é a escaldadura, que são as queimaduras por líquidos quentes. “Quando a mãe está fazendo comida e se distrai por um momento, a criança acaba mexendo no fogão e se acidentando. A melhor prevenção é evitar que crianças entrem na cozinha, principalmente quando o fogão estiver em funcionamento. O ideal é a implantação de uma barreira física, como uma cerca ou grade”, alerta o médico responsável pela Pediatria de Queimados do HUEM, Gilberto Pascolat.

Foi uma grave escaldadura que fez o pequeno Theo, de dois anos, passar 22 dias internado no Hospital Mackenzie entre os meses de junho e julho. Ele teve queimaduras de segundo e terceiro grau nas pernas e pés, após derrubar chá quente em si mesmo, como conta a mãe, Mirian de Oliveira, 24 anos.

“Fiz o chá, deixei em cima do fogão e fui até o quarto buscar uma blusa. Em questão de segundos ele entrou na cozinha, subiu em uma caixa e puxou o chá em cima dele mesmo”, conta ela, que mora na pequena cidade de Goioxim, no interior do Paraná, a 328 km de Curitiba.

Por conta do acidente, Theo precisou fazer enxerto de pele no pé e recebeu alta no começo de julho. Após o grande susto, a mãe deixa um alerta para os pais. “Bate
um desespero na hora, mas não tive a noção da gravidade que tinha sido. É preciso atenção redobrada com os pequenos, não dá para perder de vista, pois eles são rápidos e imprevisíveis”, destaca.

Queimaduras por chamas também são comuns

Depois dos líquidos quentes, as ocorrências mais frequentes são as queimaduras por chamas, principalmente quando o adulto acende ou reacende churrasqueira com álcool e a criança está perto.

“Queimaduras infantis são mais graves do que em adultos, pois além do sistema imunológico ser mais frágil, a pele da criança é mais fina. Nos incêndios e outras queimaduras por chamas a gravidade é ainda maior, em especial se houver queimadura das vias aéreas, o que pode ocasionar lesão no pulmão. Nesses casos a taxa de mortalidade é 15 vezes maior”, explica Pascolat.

Historicamente durante as férias escolares os acidentes domésticos apresentam aumento significativo. E nas férias do meio do ano existe outro fator que amplia a incidência de queimaduras: as festas juninas, com balões, fogueiras, líquidos quentes e fogos de artifício.

O que fazer após uma queimadura?

A primeira providência é tirar a criança do espaço que está causando a queimadura. Se for fogo, deve-se tirar a criança do local e remover a roupa o mais rápido possível para evitar que grude.

Em seguida, colocar o ferimento em água corrente na temperatura ambiente por 5 a 10 minutos. Mas atenção: a água gelada deve ser evitada, pois pode agravar a
queimadura. Depois disso, o ferimento deve ser coberto com um pano seco e
limpo. Uma dica é passar creme hidratante antes, para o pano seco não grudar. E
rapidamente procurar um local especializado para o atendimento.

“Essas medidas simples já reduzem bastante a dor da criança. Ao chegar no hospital entramos com a soroterapia, já que o paciente queimado perde muito líquido e em seguida, de acordo com a gravidade, fazemos os curativos”, explica o especialista.

A prevenção e o cuidado constante são essenciais para evitar os acidentes que causam queimaduras infantis, para não transformar esse período de brincadeiras em sofrimento e preocupação.

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