Eco-energia

Restos de jardinagem de praças e parques vai virar energia elétrica

Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Tribuna do Paraná
Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Tribuna do Paraná

Restos de podas de árvores e de jardinagem dos bosques, praças e outros locais públicos da região de Curitiba terão outro destino que não somente os aterros sanitários. Em março de 2019, esses resíduos serão usados em uma usina termoelétrica movida a biomassa, que terá capacidade para gerar até 1 MW de energia elétrica.

Localizada em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, a instalação industrial consumirá um investimento de R$ 7 milhões. O objetivo é oferecer energia limpa a cerca de 3 mil pessoas a um preço 30% mais baixo do que a tarifa base da energia elétrica.

Responsável pela implantação da usina, a Ecoperativa, empresa que fomenta outras micro e mini cooperativas de geração de energia, fez estudos ao longo de dois anos para preparar o processo de instalação da termoelétrica. “Chegamos à conclusão de que o Paraná tem muito potencial para produzir biomassa lenhosa, que acaba sendo mais barata do que a fotovoltaica e a eólica. O ‘payback’ é mais vantajoso e também se trata de uma fonte de energia intermitente”, explica o administrador de empresas Luiz Gonzaga Bettega Sperandio, um dos idealizadores da Ecoperativa.

Ele explica que o projeto funcionará dentro de um sistema de compensação. Ou seja, ao aderir às cotas da cooperativa – cada cota é de 50 KW –, o cooperado recebe um crédito em quilowatts na sua conta, abatendo no consumo total. “Não precisa mexer na instalação elétrica da residência nem em nada. Outra vantagem é que as cotas são um bem de capital ativo. Se o cooperado se mudar para outro estado, por exemplo, pode vender essas cotas de volta para a cooperativa”, diz Sperandio.

Qualquer pessoa física com uma unidade consumidora da Copel pode se tornar cooperado e beneficiar-se do sistema, inclusive em áreas rurais distantes da planta industrial. O projeto da usina, denominado Cooperativa de Energia Paraná 1, tem cada cota (de 50 KW) sendo comercializada por R$ 1,2 mil – só para pessoas físicas. Para 2020 está programada uma segunda planta no mesmo local: a Cooperativa de Energia Paraná 2, também com capacidade para gerar 1 MW, só que destinada exclusivamente a pessoas jurídicas, com cota a ser vendida por R$ 400.

Pouco explorada

De acordo com Sperandio, a produção de energia a partir de biomassa ainda é pouco explorada no cenário nacional. Além de ser uma fonte renovável de energia – substituindo os combustíveis fósseis –, pode aproveitar resíduos de produção agrícola diversos, como casca de arroz, bagaço de cana, palha de milho e cavaco de pinus, entre outros, o que vira uma alternativa de renda extra para os produtores rurais.

Outra vantagem do sistema é que se o cooperado tiver um excedente de energia, pode transferir para outra propriedade em área rural ou na cidade, desde que tenha a mesma titularidade na Copel.

As duas termoelétricas movidas a biomassa vão funcionar com uma planta industrial semelhante, o que inclui um processador Byocom, que transforma galhos e folhagem em cavaco, e um queimador, que funciona junto a uma caldeira. Esta, por sua vez, movimenta a turbina, gerando energia. Dependendo do tipo de biomassa a ser usada, troca-se apenas o tipo de grelha do queimador.

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