Quais mulheres te inspiram? O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (08), além do significado óbvio de ser um dia para relembrar a luta constante e diária pelos direitos femininos, é uma boa oportunidade para exaltar lideranças que transformam a comunidade que vivem. A tatuadora Bárbara Nhiemetz, de 32 anos, é um desses bons exemplos.
Desde 2015 ela realiza em Curitiba o projeto Cores que Acolhem, uma iniciativa gratuita em que ela cobre com tatuagens as cicatrizes de pessoas que tiveram câncer. Ao longo de dez anos dessa ação, Bárbara já teve contato com mais de 500 pacientes que, em meio aos momentos difíceis, encontraram no trabalho da tatuadora uma chance para um novo começo.
Bárbara comenta que as mulheres que já passaram pelas mãos dela dizem que a tatuagem nas cicatrizes é uma forma de iniciar um novo ciclo. “O câncer de mama, principalmente, faz uma mutilação muito grande. A mulher para de se olhar no espelho, isso vai impactando muito na vida diária dela. Eu sempre falei que a tatuagem da auréola vem pra trazer não só mais harmonia, mas também traz uma restauração da autoestima. Sempre tem dois momentos, o primeiro em que ela se olha no espelho antes de fazer o procedimento e depois, da surpresa de ver o procedimento feito e conseguir se reconhecer de novo diante do espelho. É um novo começo. Acho muito importante mostrar que não é só uma tatuagem, um ornamento, é uma restauração da autoestima”, afirma a tatuadora.

Cores que Acolhem começou como uma forma de agradecimento pelo fim do tratamento de câncer do filho de Bárbara, o Zekky. Ele era recém-nascido quando foram diagnosticados três tumores na região da axila do bebê. Felizmente, após passar por cirurgias complexas, ele se recuperou.
“O Cores que Acolhem começou em outubro de 2015, quando completou um ano do tratamento do meu filho, que a gente conseguiu sair do hospital e ir para casa. O projeto veio de 2015 para cá. Acontece todos os anos, durante todos os meses. Minha ideia nunca foi fazer esperando nada em troca. É uma forma de agradecer pelo meu filho estar vivo”, conta.
Contudo, nesta semana Bárbara anunciou que está parando as atividades por tempo indeterminado devido à uma série de problemas de saúde. Há algum tempo ela descobriu uma deficiência física no quadril e precisou colocar uma prótese biomecânica. Por conta da prótese sofreu uma queda e quebrou os dois punhos, o pé e a costela.
Tatuadora parou projeto voluntário após problemas de saúde
Bárbara também possui trombofilia – condição que aumenta o risco de desenvolver coágulos no sangue. Dentro desse quadro a tatuadora tem o diagnóstico de dois tipos de trombofilia. “Uma delas se chama síndrome do anticorpo antifosfolípide. Ela é bem grave e faz trombo em qualquer parte do corpo, tecido, órgão. Junto eu tenho uma deficiência da proteína S que é um tipo de trombofilia também”, explica.
Durante esses diagnósticos, ela também desenvolveu insuficiência cardíaca, sofrendo quatro infartos e uma parada cardíaca. A situação é delicada, preocupante e dolorosa. Bárbara conta que os médicos recomendam que ela utilize medicamentos para pressão, coração e trombofilia para o resto da vida. No entanto, os remédios são caros.
“É uma medicação de alto custo essa da trombo, é uma injeção bem cara. Por mês eu gastaria uma média de R$ 7 mil. O SUS [Sistema Único de Saúde] só fornece para alguns casos de gestante. Então eu meio que fico assim, se eu não tomo eu morro e o governo acaba não fornecendo para quem não é gestante, o que é uma injustiça muito grande”, desabafa.

Necessidade da medicação
A tatuadora comenta que quando fez a cirurgia no quadril abriu uma vaquinha que não atingiu a meta, mas ajudou nos custos de alguns itens da recuperação. Para a compra das injeções ela está tentando conseguir o fornecimento pelo SUS, o que ainda não aconteceu.
“Eu tenho uma carta que é específica da hematologista onde ela diz que por eu ter sofrido vários episódios [do coração e da trombofilia] se eu vier a não utilizar a medicação e tiver um novo episódio é um risco de morte muito grande. Se eu não morrer, eu vou ficar de cama vegetando. Eu preciso da medicação para sobreviver. Uma vaquinha seria maravilhoso”, afirma.
Enquanto não consegue retomar o trabalho e nem o projeto voluntário, Bárbara recebe com carinho as mensagens de apoio. Algumas são de mulheres que ela atendeu no Cores que Acolhem e que viraram amigas.
“Acho que a ideia é fazer o bem sem ficar olhando para quem, sem ficar esperando nada a partir daquela ação. Então nesse ponto acaba que tudo que for enviado vai ser recebido com muito carinho, seja uma mensagem, seja como for”.
Conheça mais detalhes sobre a história do projeto.
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