O reitor Ricardo Marcelo da Fonseca, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), falou sobre a vacina contra a covid-19 na sessão virtual da Câmara Municipal de Curitiba desta segunda-feira (10). A universidade paranaense está na fase pré-clínica de uma vacina própria, considerada 100% brasileira, e testa uma nanopartícula que imita a proteína spike do Sars-Cov-2 para acionar o sistema imunológico contra a doença.
O reitor disse que a vacina da UFPR pode ser uma das mais baratas no mercado, mas a continuidade dos estudos, quando eles chegarem na fase clínica, só será possível se a universidade receber aporte financeiro. Até agora, segundo a UFPR, os resultados pré-clínicos da vacina empolgam os pesquisadores.
LEIA MAIS – Paraná retoma aulas presenciais em 200 escolas nesta segunda-feira. Saiba quais vão abrir!
Segundo Ricardo Marcelo, os investimentos feitos na fase pré-clínica foram possíveis com as verbas dos programas de pesquisa disponíveis em editais nacionais. A fase clínica, que conta com testes em animais e seres humanos, as chamadas fases 1, 2 e 3, deve estar pronta para iniciar em um prazo de cinco a seis meses.
“Contamos, até esta fase pré-clínica, com R$ 230 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e mais R$ 1 milhão pelo aporte da Fundação Araucária. Na fase clínica, vamos precisar de recursos porque esta é a fase em que a pesquisa encarece muito. É assim em todos os lugares. Vamos precisar de todo o apoio”, explicou o reitor, destacando o orgulho de poder desenvolver uma vacina em Curitiba, no Paraná, na sede do campus do Centro Politécnico.
Os vereadores de Curitiba votam nesta manhã de segunda-feira uma moção de apoio à pesquisa desenvolvida pela UFPR.
Investimento
No fim de abril, a UFPR informou que fechou acordo com o governo do estado para continuidade da pesquisa da vacina da covid-19. O acordo com a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) prevê o financiamento de R$ 700 mil do governo com contrapartida de R$ 35 mil da própria UFPR.
Na época, o reitor explicou que o dinheiro será usado para financiar bolsas de estudos de três pesquisadores pós-doutores além de insumos para a fase pré-clínica da pesquisa da vacina da covid-19 da universidade. A seleção dos pesquisadores que receberão as bolsas será por edital da Fundação Araucária, órgão de fomento à pesquisa científica no Paraná.
Também está previsto que após o fim dos estudos iniciais a pesquisa vá para o Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). O Hospital de Clínicas da UFPR também anunciou a criação de um centro multiprofissional para atendimento de pacientes com sequelas da covid-19.
Vacina mais barata
Como já informou a Tribuna, a vacina paranaense da covid-19 não vai precisar de insumos importados, o que reduz consideravelmente seu preço final. É justamente a necessidade do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado que tem dificultado a produção no Brasil tanto da Coronavac, quanto da vacina da Astrazeneca. O reitor Ricardo Marcelo destacou que a vacina da UFPR terá insumos mais baratos e completamente nacionais.
LEIA TAMBÉM – “Meu sonho era conhecer meu filho”, diz curitibano que passou 15 dias na UTI lutando contra covid-19
Os pesquisadores da UFPR trabalham com uma técnica inédita para imunização contra o coronavírus. Na vacina que está sendo desenvolvida no Paraná, é usado o polihidroxiburitano (PHB), um tipo de polímero inócuo produzido por bactérias que é recoberto com a proteína spike, responsável por ligar o coronavírus às células, provocando a infecção por covid-19.