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Redução da tarifa traria de volta 63% dos passageiros que abandonaram ônibus

Foto: Henry Milleo
Foto: Henry Milleo

Nos últimos anos o transporte coletivo de Curitiba tem sofrido com um círculo vicioso difícil de ser rompido. A cada ano a queda de passageiros no sistema faz com que o preço da tarifa suba, levando assim a uma queda ainda maior no número de usuários. Entre 2011 e 2016, o total de passageiros pagantes na cidade caiu de 246,8 milhões por ano para 211 milhões – redução de 20%. A principal forma de atrair esses passageiros novamente para o transporte coletivo é a redução do valor da passagem.

De acordo com dados apresentados pela Pesquisa da Mobilidade Urbana, realizada pela Confederação Nacional do Transportes (CNT) e pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), 63% dos passageiros que abandonaram o sistema retornariam caso houvesse redução na passagem. Uma parte deles (35%) ficaria satisfeita com uma redução de até R$ 1 e os outros 28% retornariam ao transporte público somente com uma diminuição superior a R$ 1 na tarifa.

Os números foram apresentados no painel de abertura da 31ª edição do Seminário Nacional da NTU, realizado em São Paulo.

Na avaliação do presidente da associação, Otávio Cunha, a diminuição do valor da passagem passa por investimentos em infraestrutura.

“Hoje, a baixa velocidade comercial elevou o custo de transporte, provocou fuga das pessoas e a produtividade do setor ficou cada vez menor, então você tem que ter mais ônibus para ofertar a mesma quantidade de vagas. Aumentou o custo, aumentou a tarifa e o usuário abandonou o transporte. O setor perdeu [em todo o país], nos últimos 22 anos, 44% da demanda. Ou seja, 27 milhões de pessoas deixaram de usar o transporte [coletivo]”, afirmou.

Na avaliação do secretário municipal de Transportes de São Paulo – cidade que também registra queda de passageiros –, Sérgio Avelleda, há outros fatores além da tarifa que também são indispensáveis para trazer o usuário de volta ao transporte coletivo.

“Tem um componente de coisas: tem qualidades, atributos, que o sistema de transporte não está entregando: regularidade, confiabilidade, tempo de viagem. Por que não entrega? Porque falta infraestrutura: faixas exclusivas, corredores e tecnologia. Além disso, nos últimos anos, especialmente nos governos anteriores, nós tivemos uma política clara de desoneração fiscal do setor automobilístico e de crédito subsidiado; houve um direcionamento do governo federal dizendo ‘comprem carros’ e as cidades estão pagando essa conta agora”, afirmou Avelleda.

Outro ponto que foi defendido pelos especialistas que participaram do evento é que o sistema não pode ser financiado exclusivamente pela tarifa paga pelos usuários. A principal solução defendida pela NTU e pela Frente Nacional de Prefeitos para compor os recursos que financiam o transporte coletivo urbano é a criação de um tributo específico: a Cide Municipal. Segundo dados apresentados no anuário da NTU, se for cobrada uma taxa de 6% sobre o litro da gasolina, etanol e gás natural veicular, pode ser gerada uma redução de 30% no custo dos ônibus urbanos no Brasil. “Seria uma economia anual de cerca de R$ 11 bilhões”, destacou Otávio Cunha.

Outros motivos que afastaram os passageiros

Apesar de ser o principal fator de atração dos usuários que abandonaram o transporte coletivo, o preço da tarifa não é o principal causador da evasão de passageiros. De acordo com a mesma pesquisa da CNT e da NTU, a falta de flexibilidade nas rotas e horários é o principal incômodo dos passageiros. Além disso, outros aspectos que afastam os usuários do sistema são a falta de conforto, o elevado tempo das viagens, os atrasos e a falta de segurança.

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