Corrida eleitoral

Ratinho Junior busca atrair bolsonarismo e lava-jatismo nas eleições em Curitiba

Governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). Foto: Maurílio Cheli/ANPr.

Enquanto o campo da esquerda em Curitiba ainda tem dúvidas sobre qual é a melhor estratégia de alianças para a disputa eleitoral de outubro, o grupo de centro-direita, capitaneado pelo atual governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), vem se articulando para atrair o PL de Jair Bolsonaro e o Novo de Deltan Dallagnol para a chapa do candidato do PSD a prefeito, Eduardo Pimentel.

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Até o início deste mês, o ex-procurador da República se apresentava como pré-candidato a prefeito pelo Novo, mesmo diante da possibilidade de ter a candidatura vetada pela Justiça Eleitoral. Uma das principais figuras da Operação Lava Jato, ele teve seu mandato de deputado federal cassado no ano passado.

Em 3 de maio, contudo, Deltan anunciou que estava fora da disputa e afirmou entender que é o momento de ajudar a eleger outros candidatos do partido.

“Depois de muito orar e refletir, sinto que minha missão neste momento vai além de Curitiba e que posso contribuir de modo mais amplo para a renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora”, afirmou ele, em um vídeo nas redes sociais.

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Ao desistir, o congressista cassado não sinalizou se o Novo manterá ao menos a ideia de candidatura própria, aumentando as especulações sobre um possível apoio ao grupo de Ratinho Junior.

No início do ano, aliados do governador admitiam, reservadamente, preocupação com o desempenho de Deltan nas urnas, o mais votado da bancada do Paraná na Câmara dos Deputados em 2022, ainda na esteira do lava-jatismo.

Já há pontes entre o ex-procurador e o governador. Em março, por exemplo, o advogado Valdemar Bernardo Jorge, então secretário de Desenvolvimento Sustentável de Ratinho Junior, se tornou o responsável pelo plano de governo de Deltan, ainda pré-candidato na época.

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Agora, o grupo de Ratinho se empenha para costurar uma aliança com o Novo, que no passado já flertou com outras possibilidades, como a advogada Fernanda Dallagnol, mulher de Deltan, e a vereadora Indiara Barbosa, a mais votada para a Câmara dos Vereadores de Curitiba na eleição de 2020.

Outro representante do lava-jatismo, o senador Sergio Moro pertence aos quadros da União Brasil, que abriga o deputado estadual Ney Leprevost, pré-candidato a prefeito. Mas, alvo de um processo judicial que pode tirar seu mandato, o ex-juiz tem ficado distante das discussões sobre alianças.

Além de tentar atrair o lava-jatismo para a chapa do PSD, Ratinho Junior também busca o apoio do PL de Jair Bolsonaro, de quem é aliado. No cenário pré-eleitoral em Curitiba, os dois nomes do PL mais cotados para a prefeitura até aqui, o ex-deputado federal Paulo Martins e o deputado estadual Ricardo Arruda, agora podem sair de cena.

Martins já vem admitindo o que só sinalizava discretamente, de que prefere disputar o Senado novamente em uma eventual eleição suplementar no Paraná na hipótese de cassação de Moro. Na eleição de 2022, com apoio de Bolsonaro e de Ratinho Junior, ele ficou em segundo lugar nas urnas, em uma disputa acirrada com o ex-juiz.

Além da falta de apetite pela prefeitura, Martins se mantém próximo a Ratinho Junior, de quem é amigo. No início do ano, ganhou um cargo comissionado no Palácio Iguaçu, como assessor especial do governador.

Já Arruda viu sua pré-candidatura afundar após reclamar publicamente da aproximação entre o PL nacional e o deputado federal Beto Richa (PSDB), que também se coloca como pré-candidato à Prefeitura de Curitiba. A repercussão do caso teria irritado a cúpula do partido.

Além do conflito com os correligionários, Arruda foi denunciado no mês passado por suposta rachadinha em seu gabinete. Ele nega os crimes e diz que é vítima de perseguição do Ministério Público.

Richa, por sua vez, não migrou para o PL, diante da ameaça de perder o mandato por decisão do PSDB, mas mantém a pré-candidatura na capital paranaense.

Além de Novo e PL, o PSD de Ratinho Junior também conversa com o PP do deputado federal licenciado Ricardo Barros, ex-ministro de Bolsonaro e hoje em uma das secretarias da gestão estadual.

Barros defende que a cadeira de vice na chapa de Eduardo Pimentel seja da filha, a deputada estadual Maria Victoria. Pimentel é o atual vice-prefeito de Curitiba, ao lado do prefeito Rafael Greca (PSD), que vai chegando ao fim do segundo mandato.

Enquanto Ratinho Junior tenta atrair o campo da direita, integrantes da esquerda, formada por siglas como PT, PDT, PSB e PSOL, seguem divididos sobre a ideia de ampla aliança em torno da pré-candidatura a prefeito do deputado federal Luciano Ducci (PSB).

Parte dos petistas curitibanos resiste ao nome de Ducci, que já foi vice-prefeito do tucano Beto Richa, em uma época em que o PSDB tinha protagonismo no embate com o PT.

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