Um radar colocado na marginal da Linha Verde com a Comendador Franco, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba, virou o terror de motoristas que trafegam pela região. São condutores que receberam, em menos de três dias, cinco multas exatamente no mesmo lugar e que alegam que a sinalização precisa ser reforçada para evitar transtornos de trânsito para a população. Somente em fevereiro, o equipamento flagrou 13.541 infrações, ou seja, 483 multas por dia em um mês composto de 28 dias em 2022.

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Com características rodoviárias, a Linha Verde tem velocidade estipulada em 70 km/h no trecho urbano. Junto com a Avenida Comendador Franco, mais conhecida como Avenida das Torres, são as únicas da cidade que têm esse limite. Já as vias lentas (marginais) da Linha Verde, que servem de entrada e saída entre a rodovia e os bairros, pelas suas próprias características de acesso, têm velocidade máxima reduzida para 40 km/h.

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No caso do radar fixo que está multando vários motoristas, ele foi instalado no fim do mês de janeiro e, desde o dia 1º de fevereiro, os motoristas tinham que estar atentos com a mudança de velocidade. Exemplo: você está a 50 km/h pela Linha Verde e vai entrar ficar a direita ou marginal da pista no caminho para a Avenida das Torres sentido São Paulo. Se o motorista vier da Rua Senador Nereu Ramos, no bairro Guabirotuba, tem chance de não visualizar a placa de radar próximo com a máxima velocidade de 40 km/h.

Radar instalado na marginal está tirando o sono de quem foi multado várias vezes no mesmo local. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.
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Foi o que ocorreu com o Victor Gabriel e com o Juliano Rosa, moradores do Guabirotuba. A dupla junta recebeu nove multas nos últimos dias. “Eu passo ali todo dia. Um dia furou o pneu do meu carro e conversei com um agente da Setran. Ele comentou do radar, mas que teria um tempo de teste ou adaptação aos motoristas antes de multar. Foram quatro multas com diferença de no máximo dois dias uma para a outra. Todas as infrações chegaram em casa no mesmo dia. Foi uma sacanagem, nunca tive uma multa na vida. Poderiam ter feito uma blitz educativa”, reclamou Victor, que terá que pagar R$ 520 e mais 15 pontos na carteira de habilitação.

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Já o Juliano que recebeu cinco multas em casa ficou indignado. Segundo ele, o radar de 40 km/h deveria ter uma melhor sinalização para evitar esse desgaste emocional e financeiro. “Ali é uma pegadinha de mau gosto. Imaginei que fosse chegar dez multas, mas até agora foram cinco. Eu sinto falta de uma sinalização horizontal. Não é pelo valor, mas é pela forma que estão multando. Estou pensando em falar com os amigos para fazer uma manifestação amigável com folhetos e entrega de doces aos motoristas. Acredito que o melhor caminho é o diálogo”, reforçou Juliano.

No entanto, no último dia 24 de março, no começo da tarde, quando a equipe da Tribuna do Paraná fazia registros com os motoristas que foram multados, uma agente da Setran chegou a repreender os motoristas e deixou o veículo de trabalho estacionado em cima da calçada. Informações que uma placa de 70 km/h que estaria causando confusão na velocidade foi retirada dias antes.

“Fiquei traumatizado”

Radar instalado na Linha Verde, no trecho em que cruza com a Avenida das Torres multou mais de 13,5 mil motoristas apenas em fevereiro. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Se para o morador da região está complicado, já pensou na dificuldade para quem trabalha com o automóvel? Os motoristas de aplicativo que sentem no bolso o aumento do combustível precisa conviver com multas de transito. Hector Zanardo de Oliveira, 31 anos, está há quatro na profissão e tinha apenas duas multas na carreira. Com o novo radar, Hector levou cinco infrações.

“Em quatro dias, recebi cinco multas e do mesmo lugar.  É um trecho traiçoeiro, uma pegadinha. Mudei o trajeto, pois fiquei traumatizado. Para o motorista de aplicativo levar multa é muito complicado. Cada multa dessa com o preço da gasolina, é meu dia de trabalho. É como fazer caridade para os outros”, relatou Hector que vai ter que pagar R$ 650.

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Nos três casos citados na reportagem geraram 14 multas, e os motoristas prometem recorrer junto a Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT). Existem outros casos de pessoas que levaram seis multas e dizem até que uma mulher teria sido multada 12 vezes no mesmo local.

E aí, prefeitura?

A prefeitura de Curitiba relata que os pontos com fiscalização eletrônica em Curitiba estão devidamente sinalizados conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com placas, semipórticos e legendas no pavimento com no mínimo 100 metros antes do radar. Essa distância permite a devida redução de velocidade. A sinalização está de acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização (resolução 798/2020 do Conselho Nacional de Trânsito).

Segundo a nota da prefeitura, no mês de fevereiro foram registradas 13.541 infrações de trânsito pelo radar instalado na Avenida Linha Verde, no cruzamento com a Avenida Comendador Franco. De acordo com a Superintendência de Trânsito, havia observado que muitos condutores tentavam evitar a fiscalização pela via de tráfego rápido (no meio da pista) e procuravam acessar a via lenta (marginal), que sempre teve a velocidade máxima estipulada em 40 km/h para evitar colisões e atropelamentos. Essa reclamação, inclusive, era muito recebida pelo cidadão pela Central de Atendimento 156.

E a redução de 70 km/h pra 40 km/h?

Prefeitura garantiu que as sinalizações estão dentro das normas do Código Brasileiro de Trânsito. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Quanto a mudança de velocidade saindo de 70 para 40 km/h, essa análise é de responsabilidade de um grupo de servidores capacitados, com formação e especialização na área de mobilidade urbana. Eles se orientam especificamente pelos artigos 60 e 61 do CTB, que tratam dos diferentes tipos de vias existentes. A prioridade é na segurança viária, de forma a proporcionar mais tranquilidade para todos que compartilham o trânsito.

Nas vias coletoras (40 km/h), a velocidade máxima é destinada a coletar e distribuir o trânsito para entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade. São exemplos na cidade as vias Curupaitis, Alagoas, Trindade e Treze de Maio.

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