A empresária Amanda de Sousa, 32 anos, levou um susto quando recebeu a conta de água de casa em fevereiro. O valor contabilizado pela Sanepar havia saltado de R$ 70 em janeiro para R$ 790. “Quando recebi e vi, fiquei desesperada. Ali na hora já sabia que não tinha nexo. Nosso histórico de consumo, mesmo com quatro pessoas em casa, nunca chegaria a esse valor”, conta.
A primeira coisa que Amanda fez foi entrar em contato com a Sanepar para entender o que poderia ter ocorrido. No atendimento, ouviu que poderia se tratar de uma leitura errada e que a empresa verificaria. Um especialista foi até a residência e verificou que havia ar na tubulação e por isso o falso consumo disparou. A companhia reconheceu o valor errado e emitiu uma nova conta, dessa vez dentro da normalidade.
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Mas nem sempre o final da história é tão simples. A também empresária Janete Briault, 52 anos, recebeu em fevereiro uma conta de água no valor de R$ 1.298,22, muito acima dos R$ 200 que costumeiramente pagava. E o consumo foi medido no período em que só havia uma pessoa em casa. Só que, neste caso, nada de errado foi detectado na tubulação.
“Não temos vazamento, nem ar nos canos, aparentemente nada de especial. No relógio consta o consumo que eles dizem, mas não tem justificativa”, diz Janete, que decidiu não pagar a conta enquanto a Sanepar não finalizar o atendimento que segue aberto. Mesmo assim, garante que não vai pagar esse valor. “Vou esperar para ver o que vai acontecer”, revela.
A Sanepar informou que o caso está em análise, que a equipe fará estudo de campo e que a conta está aberta e, por isso, não há risco de corte.
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Os casos de Amanda e de Janete não são isolados e são relativamente comuns. Nas redes sociais são recorrentes os compartilhamentos de imagens de contas da Sanepar que apresentam valores mais altos que a média do consumo. Algumas pessoas dizem que conseguem resolver rapidamente, mas outras encontram mais dificuldades para comprovar que não consumiram o valor que consta na conta.
A Sanepar afirma que nas situações em que há alteração significativa no consumo, os clientes são avisados para verificar as instalações hidráulicas para identificação de possível vazamento. Além disso, quem tiver dúvidas e reclamações podem entrar em contato pelo telefone 0800 200 0115 e informar o número da matrícula (dado presente na conta d’água), ou seguir diretamente para uma Central de Relacionamento.
Como se antecipar e não ter surpresas?
Caso exista algum vazamento em qualquer ponto da tubulação, é normal que o consumo se eleve. Por isso, para evitar surpresas desagradáveis, é importante que a manutenção do sistema esteja em dia. Além disso, diante de qualquer suspeita de que há vazamento, alguns testes podem ser realizados sem conhecimentos avançados e sem a necessidade de chamar um especialista. A Sanepar sugere os seguintes testes:
1. Vazamento na válvula ou na caixa de descarga
Esgote ao máximo a água do vaso sanitário e observe o nível. Caso a água volte ao nível em que se encontrava antes, poder ter vazamento na válvula ou na caixa de descarga.
2. Vazamento pelo extravasor (torneira da boia defeituosa)
Verifique o funcionamento da torneira da boia. Em dias não chuvosos, observe se há vazamento pelo telhado ou calhas.
3. Vazamento no ramal interno alimentado direto da rede
– Mantenha aberto o registro do cavalete.
– Feche bem todas as torneiras de casa e não utilize os sanitários.
– Feche completamente a torneira da boia da caixa, não permitindo a entrada de água.
– Verifique no hidrômetro (medidor) se houve alteração na marcação.
– Em caso afirmativo, há vazamento no ramal interno alimentado diretamente pela rede. Chame um encanador.
4. Vazamento na instalação alimentado pela caixa
– Feche todas as torneiras da casa e não utilize os sanitários.
– Feche completamente a torneira da boia da caixa, impedindo a entrada de água.
– Marque na caixa o nível da água e, após uma hora, no mínimo, verifique se ele baixou.
– Em caso afirmativo, há vazamento na canalização, nas torneiras ou nos sanitários, alimentados pela caixa-d’água.
Outras possibilidades
É possível que não haja vazamento na tubulação, mas mesmo assim a leitura do hidrômetro apresente valores acima do que realmente foi consumido. Isso pode acontecer devido à presença de ar nos canos. Segundo a Sanepar, isso pode ocorrer em momentos excepcionais, como quando há corte de fornecimento para manutenção ou acidentes na rede.
De qualquer forma, a companhia garante que mesmo que seja constatada a presença de ar na tubulação, “a quantidade de ar que passa pelo hidrômetro é tão pequena que não chega a representar diferenças significativas para o consumo”.
E se nada for identificado?
Quando não for identificado nenhum problema na tubulação e o cliente não concordar com o valor, ele deve procurar o Procon-PR e formalizar uma reclamação. Nesses casos, a empresa é chamada para tentar um acordo com o consumidor. “A empresa tem que comprovar que houve o consumo indicado”, informou a diretora-geral do Procon-PR, Claudia Silvano.
De acordo com órgão, em 2018 foram recebidas 231 reclamações contra a Sanepar, sendo parte delas em relação a cobranças supostamente indevidas.
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