CIC

Confusão e confronto marcam protestos no Contorno Sul

Conforme Léo Alves, liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que liderou o bloqueio da rodovia, o protesto foi por causa da desapropriação da terra onde eles estavam acampados há sete dias, a Comunidade 29 de Maio. Mas o que mais revoltou os manifestantes foi a ação da Guarda Municipal de Curitiba (GMC), que atuou de forma truculenta durante a desapropriação, batendo nos moradores, derrubando comidas, destruindo documentos pessoais que as pessoas tinham nos barracos e jogando fora comidas que as famílias tinham nos barracos, ou na “Casa da Sopa”, de uma senhora que recebe alimentos doados e cozinha para toda a comunidade.

Segundo Léo, a Vila 29 de Maio já existe há muitos meses ali e a comunidade já até conseguiu, judicialmente, a posse daquela terra. A confusão ocorreu porque cerca de 80 famílias foram realocadas pela direção da vila para uma terra ao lado, que pertence ao município. “Se você andar ali, vai ver que as ruas são muito estreitas, algumas têm um metro de largura somente. Não passa carro, quanto menos uma ambulância se alguém passar mal. Então só realocamos as famílias um pouco mais para trás para que a gente pudesse alargar a rua, passar tubulação de esgoto futuramente. Só estávamos organizando as coisas”, explica um dos líderes do MTST.

Violência

Revoltados com a truculência da GMC, os moradores resolveram fechar a rodovia para pedir providências, para que pudessem voltar para casa. “As nossas crianças saíram de casa para ir à creche hoje de manhã, e quando saírem, não vão ter casa pra voltar. Amanhã é Dia das Crianças. Olha que Dia das Crianças elas vão passar. No relento, sem casa, sem comida, sem documentos, porque a Guarda queimou tudo, sem brinquedos, sem nada. Pra quê fazer as coisas com esta violência, atirando em criança, idoso, grávida”, reclamou uma mãe, com uma bebê no colo.

Balas de borracha

O protesto dos moradores seguia pacífico na rodovia – motociclistas, ambulâncias e viaturas policiais  passando normalmente pelo bloqueio e não havia nenhuma confusão – quando a Guarda Municipal veio na direção da estrada atirando balas de borracha e tentando liberar a pista. Várias pessoas ficaram novamente feridas com as balas de borracha. Muitas mães estavam na rodovia com seus filhos e tentaram protegê-los como conseguiam. Mas, várias delas acabarem feridas. Até mesmo um agente da PRF foi atingido na perna, sem gravidade.

À força, a GMC conseguiu liberar a pista sentido São José dos Pinhais. Mas foi por pouco tempo, pois os manifestantes ficaram revoltados, se voltaram contra os guardas e fecharam a rodovia de novo. Foi preciso muita conversa dos agentes da PRF para convencer amigavelmente os manifestantes a se acalmarem, até o momento que a GMC recuou, foi embora e os manifestantes conseguiram a garantia de que poderiam voltar para o terreno. Foram quase 20 minutos de tensão em cima do asfalto, transmitidos ao vivo pela Tribuna. Mas poucos minutos antes das 18h, as pistas foram liberadas e os manifestantes puderam retornar para a vila, até então tomada pela GMC.

O que diz a Defesa Social

Em nota, a Defesa Social de Curitiba disse o seguinte:

A Guarda Municipal de Curitiba desocupou uma área próxima a BR-277, na Rua Victor Grycajuk, na CIC, na tarde desta quinta-feira (11/10). Foram retirados barracos de lona e alguns improvisados de madeira. A invasão começou a ser montada na tarde de quarta-feira (10/10), e, cumprindo a legislação, a Guarda Municipal agiu para desocupar a área municipal. Denúncias de excesso podem ser feitas na ouvidoria da Guarda Municipal, que irá apurar os fatos.“, diz o documento oficial.

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