Pandemia covid-19

Promotores de eventos de Curitiba protestam contra decretos e inauguração feita pela prefeitura

Manifestação realizada em fevereiro, com promotores de eventos mostrando a insatisfação por causa dos impactos causados pelos decretos. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná

Um grupo de promotores de eventos e empresários de restaurantes de Curitiba fará um protesto na tarde desta quarta (19), em frente à prefeitura, contra os decretos que proíbem a realização das celebrações e que foi descumprido na semana passada pelo prefeito Rafael Greca.

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Com faixas e cartazes, os manifestantes querem mostrar a insatisfação por estarem há 14 meses sem trabalhar enquanto que a prefeitura promoveu um evento com convidados e música ao vivo em ambiente fechado na última sexta (14), para a inauguração do Memorial Paranista, no parque São Lourenço.

Nas imagens gravadas e divulgadas pelas redes sociais por pessoas presentes no evento, é possível ver medidas restritivas dos decretos sanitários sendo descumpridas pelo prefeito e demais convidados e autoridades, como a própria realização da celebração e a falta de distanciamento social. No começo desta semana, a seccional paranaense da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR) levou o caso ao Ministério Público pedindo esclarecimentos.

Para a líder da manifestação desta tarde, a promotora de eventos infantis Rozandela Mazur, a prefeitura descumpriu normas que ela própria elaborou para todo o setor. Os eventos com aglomeração de pessoas estão proibidos em Curitiba desde março do ano passado.

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“Queremos mostrar o nosso repúdio por não podermos trabalhar há mais de um ano e o prefeito fazendo eventos sem o mínimo de segurança ou os protocolos de higiene que são tão exigidos pro nosso setor voltar a funcionar, ele mesmo colocou a lei e passou por cima dela. Pra que colocar tanto dinheiro num museu que vai ficar fechado e não poder destinar verba para o setor de eventos?”, diz.

Ela conta que os promotores de eventos chegaram a elaborar protocolos seguros e mesmo assim seguem impedidos de trabalhar. Rozangela conta que não existe uma política pública de ajuda ao setor, e que medidas de ajuda como o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), do governo federal, e o auxílio emergencial do Paraná são insuficientes e não chegam a todos os profissionais parados.

“O nosso setor é invisível, precisamos que alguém olhe por nós. Eles só falam, mas até a gente conseguir alguma coisa e o que eles oferecem para quem tem empresa é lamentável. Para quem está há um ano só acumulando dívidas, dá para imaginar a situação em que estamos”, completa.

O protesto será realizado presencialmente e também pelas redes sociais, para quem não puder estar na manifestação no horário marcado, mas sem a participação oficial de entidades representativas de classe.

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Gabriela Carvalho, chef do Quintana Gastronomia, vai acompanhar a manifestação remotamente e diz que apoia o movimento por acreditar que proibir a realização de eventos afeta não apenas este setor, mas também os próprios restaurantes – muitas vezes usados como locação.

“Quando as soluções não acontecem e as ações continuam as mesmas e, para piorar, os líderes fazem exatamente o que não permitem outros fazerem, é desrespeito direto aos cidadãos. Queremos isonomia e respeito”, conclui.

A prefeitura de Curitiba foi procurada pelo Bom Gourmet Negócios sobre a manifestação e o procedimento da Abrasel-PR no Ministério Público, mas afirmou que vai aguardar manifestação da promotoria.

Prejuízos

Dados da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) mostram que, só em 2020, o setor teve perdas de R$ 4,65 bilhões, dentro de um universo de R$ 90 bilhões em faturamento que deixou de ser gerado direta e indiretamente. Foram mais de 450 mil postos de trabalho encerrados em todo o país.

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Rozangela é um destes afetados pelos decretos restritivos que proíbem a realização de eventos. Ela conta que tem sobrevivido com os auxílios emergenciais, e só consegue trabalhar quando a bandeira dá uma aliviada.

“Tive que readequar o sistema de festas, reduzir valores e trabalhar com uma margem muito menor e trabalhar para que as festas fossem feitas apenas para familiares, tanto que os eventos que eu produzo são sempre seguindo os protocolos e deixando muito claro para os clientes”, esclarece.

Para ela, a queda de faturamento foi de 80% desde o começo da pandemia, com paralisação completa nas bandeiras vermelha e laranja, por causa da proibição.

A manifestação em frente à prefeitura de Curitiba está marcada para as 14h30 desta quarta (19).

Segundo ato

A manifestação desta tarde tem um motivo semelhante à promovida em fevereiro, quando cerca de 250 empresários dos setores de alimentação fora do lar e eventos, segundo a Guarda Municipal, se reuniram na Praça 29 de Dezembro para mostrar os impactos sofridos pelo segmento desde que a pandemia começou no Brasil.

Na ocasião, empresários ouvidos pelo Bom Gourmet Negócios relataram perdas e dívidas milionárias, além da falta de uma ajuda mais efetiva do poder público.

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