A ocupação irregular Vila Acrópole, no bairro Cajuru, passará por um processo de urbanização. Na última sexta-feira (27) foi publicado o edital de licitação para as obras no local, onde residem cerca de 4 mil pessoas, nas margens do rio Atuba. Os moradores vivem de forma insalubre, sem rede de esgoto e em área sujeita a alagamentos.
Das 1.220 famílias cadastradas pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), 174 estão dentro da faixa de preservação do rio e serão transferidas para novas casas. As demais 1.046 serão atendidas com obras de pavimentação e drenagem, além da regularização fundiária. Os recursos para a realização do projeto serão financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Os moradores que estão dentro da área de risco irão para um novo empreendimento, que será construído nas proximidades da vila – o Moradias Alamanda, com 75 unidades. Outras 99 novas moradias serão construídas em lotes vagos na própria Vila Acrópole. “Desta maneira as famílias poderão preservar o vínculo que já possuem após tantos anos vivendo na mesma localidade. Contudo, vamos garantir a eles uma estrutura que possibilite maior qualidade de vida”, diz o presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues.
Após a transferência das famílias para as novas moradias, as margens do rio que estavam habitadas indevidamente passarão por uma ação de recuperação ambiental. Será restaurada uma área de 22, 8 mil metros quadrados com o plantio de grama e árvores nativas, além da implantação de parquinho infantil e canchas esportivas.
Expectativa
A coletora de materiais recicláveis Neuli Teresinha, de 57 anos, mora na Vila Acrópole desde o início da ocupação nos anos 80. Hoje ela vive com os dois filhos em uma precária casa de madeira, bem em frente ao rio. “De tanta enchente que já passamos, a casa está a ponto de cair. Sinto muito medo quando chove de que minha casinha não aguente”, conta.
Mesmo vivendo em um local onde aparecem muitos ratos, baratas e outros insetos, Neuli garante que deixa a casa limpa. “Dentro de casa é tudo limpinho, fora que é poeira, barro e lama. Sonho com o dia em que vamos para um lugar melhor, onde vou poder ter um jardim, uma horta. Na minha casa nova não vou deixar ninguém entrar com o pé sujo”, brinca esperançosa.
A auxiliar de limpeza Marli Gonçalves, de 55 anos, mora fora da faixa de preservação e poderá continuar no mesmo local onde está. “Fico feliz em saber que posso ficar e que vão arrumar a vila. Vai ficar ótimo com asfalto e esgoto nas casas, mas o melhor de tudo é ter o documento do terreno. Aí sim vou ser dona do lugar que moro”, ressalta.
Licitação
Por se tratar de uma intervenção financiada por organismo internacional, também podem concorrer empresas de outros países. A licitação segue a lei federal 8.666 (que institui normas para licitações da administração pública), mas compatibilizada com exigências do BID, como o pagamento de uma Garantia de Proposta no valor de R$ 180 mil.