Ensino em luto

Professora morta era lembrada pelo trabalho social

A polícia caça o motoqueiro que matou a professora Luíza Antônia Ortega, 57 anos, perto das 19h30 de terça-feira (21), no portão da casa dela, na Rua Pery Sotto Maior Bittencourt, no Atuba. Investigadores da Delegacia de Homicídios passaram a tarde de quarta-feira no bairro conversando com vizinhos e comerciantes na tentativa de conseguir informações sobre o bandido.

O atirador foi descrito como um homem de pele clara e estatura baixa. Pilotava uma Yamaha 125 sem placa. Vestia camiseta azul marinho e calça escura e usava capacete preto. Segundo vizinhos, ele rondou a rua durante toda a tarde. O o advogado Rafael Gomes, que testemunhou o crime, relatou que ouviu o assassino “dizer que estava fazendo aquilo em nome do irmão”. O motivo que o levou o motoqueiro a chamar Luíza pelo nome e atirar três vezes nela ainda está obscuro. O nome do irmão que ele proferiu antes de disparar também não foi identificado.

A polícia deve começar a ouvir os familiares nesta quinta-feira (23) e então o inquérito poderá avançar. Luíza morou na região por muito tempo. Há um ano tinha se mudado com o marido para o Atuba, que fica a menos de três quilômetros do Colégio Estadual Professor Algacyr Munhoz Maeder, ao qual dedicou boa parte da vida.

Possível vingança de ex-aluno foi praticamente descartada pela APP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná. “Lamentamos muito a morte da professora Luíza, ainda mais desta maneira. Porém, ela estava aposentada há mais de dois anos e não morava mais perto da escola. Pelo que apuramos, não há nenhum indício que relacione o crime com ex-alunos ou com a escola ”, comentou Marlei Fernandes de Carvalho, líder sindical.

História de admiração

Luíza lecionava Língua Portuguesa. Era muito estimada pelos ex-alunos do Colégio Estadual Professor Algacyr Munhoz Maeder, que fica ao lado da BR-116, no Bairro Alto. Chegou a ser diretora da instituição e ficou conhecida por programas sociais que desenvolveu. “Era muito verdadeira e enérgica. O que tinha para falar, falava sem medo. Estimulava os alunos para que se desenvolvessem. Incentivava todos à leitura. Ela nos obrigava sempre a estar lendo um livro. Na época, eu não entendia muito, hoje reconheço o valor destes incentivos”, descreveu Flávio Adamoski da Silva, ex-aluno de Luíza.

“Tive aula com ela desde o fundamental até o ensino médio. Quando soube que eu estava namorando, foi falar bem de mim para a minha namorada, que também era aluna dela. Hoje, estamos casados. Sentimos muito a perda dela”, lamentou Flávio.

Um dos projetos desenvolvidos por Luíza, enquanto diretora do colégio, foi parceria com associação de moradores do bairro e óticas, para proporcionar óculos a alunos que não tinham condições de comprá-los. Além disso, esteve envolvida em programas de conscientização contras as drogas. O carinho dos ex-alunos ficou registrado no perfil de Luíza no Facebook e muitas mensagens de apoio foram envidadas aos parentes. Grande parte da família dela está envolvida com educação. A irmã também é professora e a filha é casada com o proprietário de um colégio particular do Bairro Alto.