Você sabia que a mais antiga dinastia árabe do mundo é chefiada por um brasileiro? Mais especificamente, um curitibano.

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O príncipe Al-Numan Gharios El Chemor possui o título de Chefe da Casa Real dos gassânidas – um reinado que ocupou diferentes partes do Oriente Médio ao longo dos séculos. Ele é o herdeiro da dinastia cristã mais longeva do mundo: são 1.800 anos de história.

Desde o século 18 já não há território gassânida. O reino foi absorvido pelo Império Otomano e, mais tarde, pela República do Líbano. Mas o chefe da família real continua ativo no meio diplomático. 

Quem é o príncipe curitibano

El Chemor pede para ser chamado de “você” em vez de “sua alteza” ou mesmo “senhor”. “Títulos são uma grande bobagem se você não puder fazer alguma coisa útil”, diz ele, que concedeu uma entrevista à Gazeta do Povo.

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O príncipe cristão fala árabe com sotaque, mas tem um português irretocável. É que ele nasceu em Curitiba e passou a maior parte da vida na capital paranaense. Mais especificamente, no bairro do Alto da XV.

O herdeiro da dinastia árabe foi aluno do colégio Bom Jesus e frequentou a Igreja de São Estanislau.

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A família real gassânida viveu quase 100 anos no Brasil. Desde 2010, El Chemor mora na região de Beverly Hills, na Califórnia. Ele chegou a trabalhar na indústria do cinema e, recentemente, se casou com uma americana. Por enquanto, ele não pretende deixar os Estados Unidos.

Do Brasil, ele sente falta sobretudo da comida. Ele também se queixa da fase do Coritiba, seu time do coração. “Tenho muito orgulho de ser brasileiro”, assegura El Chemor. Ele é, provavelmente, o único chefe de uma casa real nascido em território brasileiro — Dom Bertrand, atual chefe da Casa Imperial do Brasil, nasceu na França.

Quem são os gassânidas

Os gassânidas são uma tribo cujo primeiro registro histórico é de 1.900 anos atrás. Eles têm origem no território que hoje pertence ao Iêmen, no sul da península arábica. O povo migrou para o norte por volta do ano 200 depois de Cristo, quando o rompimento de um dique inundou a região onde eles viviam.

Em diferentes momentos, os gassânidas ocuparam terras que hoje pertencem ao Líbano, à Síria e a Israel. Antes mesmo das Cruzadas, eles ajudaram a proteger a Terra Santa. Mais tarde, os gassânidas mantiveram um grau considerável de autonomia sob o Império Bizantino e mantiveram parte do seu poder quando o Império Otomano conquistou a região.

Talvez pela proximidade com Israel, ele foram um dos primeiros povos a se converter ao cristianismo. Apesar de ter sido gradualmente cercada por muçulmanos, a maior parte dos gassânidas, inclusive a família real, se manteve cristã.

Ainda assim, embora tenham resistido ao avanço islâmico durante séculos, os gassânidas foram riscados do mapa quando os otomanos decidiram perseguir os cristãos de forma mais intensa. No século 18, a família real perdeu o direito de governar o seu território. Os títulos reais e alguns privilégios, entretanto, continuaram existindo. Foi só no começo do século 20 que a linhagem real deixou o país.

Fuga às pressas para o Brasil

A política dos governantes muçulmanos para os cristãos no Oriente Médio sempre variou entre a tolerância limitada e a opressão. No começo do século 20, o pêndulo oscilou violentamente para a opressão: prestes a ruir, o Império Otomano adotou uma política de extermínio direto da população cristã em partes do seu território. Foi neste período que os otomanos promoveram o genocídio armênio, de uma brutalidade comparável à do Holocausto. Os cristãos na região do Monte Líbano também sofreram com uma fome generalizada causada pelo bloqueio de suprimentos.

Foi quando o bisavô de El Chemor decidiu se mudar para o Brasil. “Minha família vendeu o mármore do palácio para subornar os soldados otomanos e fugir. A gente fugiu sem nada. No Brasil, meu avô vendia coisa de porta em porta”, conta o príncipe cristão.

Depois de morar em cidades do interior paranaense, o avô de El Chemor fincou raízes em Curitiba e se tornou um empresário bem-sucedido. O herdeiro afirma que, quando migrou para o Brasil, a família queria deixar para trás os costumes da monarquia: “Eles diziam ‘Isso é passado, passado não enche barriga. Agora nós somos brasileiros”.

Foi o próprio El Chemor quem decidiu retomar a tradição e transformou a Casa Real em uma fundação que atua em projetos beneficentes. “Eu sou muito mais um diplomata do que um político”, afirma ele, que já se encontrou com os chefes de estado do Líbano e da Albânia, além do papa Francisco.

Príncipe apoia cristãos perseguidos

A Casa Real gassânida é reconhecida pela ONU como uma organização com poderes consultivos.

Um dos projetos criados por iniciativa do príncipe herdeiro é uma fundação para auxiliar cristãos perseguidos no Oriente Médio. Ele explica que, se a tendência atual se mantiver, praticamente não haverá cristãos na região em 20 anos. E nem sempre a perseguição se dá por meio da violência direta, como pelo Estado Islâmico. “Muitos cristãos fazem uma faculdade já pensando em sair do país, porque eles são cidadãos de segunda classe”, afirma.

Em paralelo, o príncipe mantém uma empresa de consultoria internacional, e auxilia empresas que querem entrar no mercado de exportação. Mas, hoje, os compromissos monárquicos ocupam a maior parte da sua agenda. “De setenta a oitenta por cento do meu tempo é voltado para a Casa Real”, diz.

Repúdio ao Hamas

Embora evite temas políticos, o príncipe dos gassânidas se diz “apreensivo” com a censura da rede social X no Brasil e com os rumos dos Estados Unidos depois do atentado contra Donald Trump.

Quando o assunto é o conflito entre Israel e grupos terroristas, ele é mais direto.

“Israel tem o direito de matar até o último militante do Hamas e do Hezbollah”, diz ele, que também elogia a operação na qual Israel (aparentemente) explodiu os pagers de membros do Hezbollah no Líbano e na Síria: “Foi brilhante”.

Mas o príncipe cristão também faz ressalvas à atuação de Israel. Para o príncipe, as forças israelenses precisam ser mais prudentes em seus ataques contra membros de grupos terroristas. Ele não está convencido de que os israelenses se esforçam para minimizar as baixas civis: “Ninguém conseguiu me explicar até hoje como é que eles conseguem diferenciar os militantes do Hamas do sujeito que vende laranja na feira”.

A solução para o conflito, na visão dele, requer o estabelecimento de um estado palestino independente. “Defendo até a morte o direito dos israelenses de terem o território deles e dos palestinos de terem o território deles”, afirma.

E quem sonha com a recriação de um reino cristão no Oriente Médio não deve apostar as fichas em El Chemor: embora seja reconhecido pelo próprio governo do Líbano como o representante da dinastia e de afirmar ter recebido “propostas indecorosas” de “pessoas importantes” para recriar um território gassânida na região, ele não tem planos desse tipo. “Deus me colocou nessa posição justamente por causa disso. Eu não tenho sede nenhuma de poder”, garante.

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