Detentos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II) fizeram dois agentes penitenciários e cerca de 12 presos reféns por volta das 16h desta sexta-feira (12). O motim teve início na 9.ª galeria, bloco 3, quando os presos eram recolhidos do banho de sol. Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), os cerca de 40 rebelados reclamam da superlotação e da comida. Conforme informado pela Secretaria de Justiça (Seju), eles se dizem também contra a direção da unidade. Até as 22h, não havia previsão de término da negociação, que era mediada pela Polícia Militar.
De acordo com a Seju, por volta das 21h um dos agentes penitenciários foi liberado pelos detentos, sem nenhum ferimento. Os presos disseram que abriram e quebraram cinco galerias do bloco, mas a secretaria não confirmou a informação. Pelo circuito interno de monitoramento, só foi possível visualizar que houve estrago em duas galerias, onde também foram queimados colchões.
Há vagas
Em negociação, os rebelados afirmaram ser contra a direção da PEP II e pediram por melhor tratamento penal, com atividades como trabalho e estudo. Alguns dos detentos reivindicam transferências para unidades do interior do Paraná e para outros Estados. Sobre a alegação de que existe superlotação na unidade, a Seju esclareceu que a capacidade da PEP II é de 1.108 presos e, atualmente, ali estão 1.110 detentos.
Entre os presos que participam do motim, segundo informação da Seju, apenas um veio da Penitenciária Estadual de Cascavel. Segundo a secretaria, os detentos disseram não pertencer à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Insatisfeitos
Segundo dados do Sindarspen, contando com o motim na PEP II de ontem, foram 19 rebeliões no sistema penitenciário do Paraná neste ano, com 29 agentes carcerários reféns. A mais grave ocorreu na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC) há três semanas e terminou, depois de quase 45 horas, com cinco presos mortos, 25 pessoas feridas e a maior parte do presídio destruída.
Na quinta-feira, em Cruzeiro do Oeste, mais de 70 detentos foram transferidos após quase 14 horas de rebelião, em que um agente carcerário e 13 presos foram mantidos reféns. No primeiro semestre do ano, vários motins foram registrados nos presídios em Piraquara. Os agentes penitenciários foram mantidos reféns como “moeda de troca” para transferência a outras unidades.
O Sindarspen informou que se reuniu com a Seju na tarde de sexta-feira e não houve avanço na negociação sobre a segurança nas unidades. O sindicato convocou a categoria para assembleia geral na segunda-feira, às 8h30, em frente ao Palácio Iguaçu, em que poderá ser decidido por uma greve dos agentes.