Litoral

Presença de algas tóxicas suspende venda de ostras em Guaratuba

Foto: Albari Rosa / arquivo Gazeta do Povo.

Restaurantes no litoral do Paraná não estão vendendo ostras após a aparição de algas que liberam toxinas no mar na região da baía de Guaratuba nos últimos dias. A proibição da comercialização temporária foi definida na última sexta-feira (26) depois que a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná encontrou, por meio de exames laboratoriais de ostra do litoral paranaense, a presença da ficotoxina ácido ocadáico (DSP) – toxina produzida por algas, acima do limite máximo permitido pela legislação federal.

As coletas de duas amostras das ostras foram realizadas na baía de Guaratuba, sendo que uma apresentou níveis de ácido ocadáico a 183,8µg/kg. O limite máximo permitido para consumo é de 160µg/kg. Já a outra amostra se apresentou dentro do limite (157,5µg).

Retirada da comercialização

Antes da definição da Agência, os próprios produtores de Guaratuba já tinham optado por suspender a coleta das ostras por notarem a presença das algas. Após os estudos, a ADAPAR reforçou aos produtores de ostras a importância de não realizar a retirada delas para a comercialização.

Proprietário da Ostra Viva, restaurante na região de Cabaraquara, em Guaratuba, Hamilton de Moura Kirchner conta que os produtores da região notaram o problema já no início da semana anterior e, rapidamente acionaram as autoridades para estudos, eliminando a possibilidade de prejudicar os clientes. Kirchner explica que essa é uma situação ambiental.

Hamilton Kichner. Foto: Albari Rosa / arquivo Gazeta do Povo.

“Essas algas são passageiras, é uma questão ambiental. Não tem nenhuma influência, nada que foi o ser humano que fez para intensificar isso. É só uma questão ambiental mesmo, que pode acontecer periodicamente”, diz.

Entretanto, a situação ambiental já é suficiente para causar problemas para as famílias produtoras de ostras. “Toda vez que houver algas vermelhas na região vai afetar não só a gente da baía, dos cultivos, como toda a sociedade que tiver relacionada ao molusco. Todas as famílias do Paraná que tiverem seu ganha-pão ou tiverem algum tipo de renda com molusco vão ser afetadas”, afirma Kirchner.

O comerciante relata que muitas famílias da região possuem renda com o cultivo e venda das ostras. Por conta da proibição e pela possibilidade da situação estar espalhada pelo litoral de outros estados, essas famílias estão sem conseguir trabalhar e acumulando prejuízos.

“São muitas famílias que vivem exclusivamente de ostras. Toda a região está abrindo os restaurantes sem ostras e vendendo os outros pratos que não levam moluscos. Mas se não houvesse restaurante a gente estaria sem ganhar nenhum dinheiro”, comenta.

Essa floração de algas e os níveis elevados dessa ficotoxinas já estavam sendo apresentados em cultivos em Santa Cataria e comunicados pelo Centro de Estudos do Mar CEM/UFPR, o que alertou a ADAPAR para realizar as coletas de amostras e enviar para análise no laboratório de referência do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Toxina produzida por alga pode trazer problemas aos consumidores

A toxina (DSP) produzida pela alga pode causar problemas de saúde ao consumidor, incluindo dores abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Nesta semana serão realizadas novas amostragens para detectar os níveis de contaminação nos cultivos, para que se possa liberar a retirada e o consumo das ostras.

Em caso de sintomas, a orientação aos consumidores desses produtos é que procurem atendimento na unidade de saúde mais próxima e realizem a notificação a Vigilância Epidemiológica ou a Vigilância Sanitária municipal.

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