Desde o dia 12 de março, data do primeiro caso de coronavírus no Paraná, os curitibanos e seus vizinhos viveram de tudo. Do isolamento inicial, até o abuso de pessoas que não se comprometeram com as recomendações. Prevaleceu, também, a confusão sobre quais regras obedecer.
Na última semana, o governo do Paraná emitiu um decreto que criou restrições aos municípios da RMC. Entre as regras, atividades não comerciais só podem funcionar das 10 às 16 horas, os shoppings só podem abrir das 12 às 20 horas (com proibição de abertura aos fins de semana) e proibição na venda de bebidas alcóolicas depois das 22h, além de dar autonomia para cada cidade punir os infratores que não respeitarem as regras.
O decreto entrou em vigor no dia 20 de junho. “Durante um tempo, shopping não abriu em Curitiba, mas abriu na região metropolitana, e isso não deu certo. As pessoas começaram a migrar de uma cidade para outra no fim de semana”, conta o prefeito de Fazenda Rio Grande Márcio Wozniak, presidente da Associação dos Municípios Metropolitanos (Assomec).
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Diante do problema, prefeitos da RMC se reuniram para debater melhor as medidas para conter a nova doença. “Imagina colocar 28 municípios numa tela de televisão, com direito a fala e voto, para criar um documento único, para que Grande Curitiba se tornasse uma cidade única? Não foi tarefa fácil”, aponta Wozniak.
Para Wozniak, essa união é histórica. “Tanto a Sesa [Secretaria da Saúde do Paraná] como a prefeitura de Curitiba estão nos apoiando. E se o governo estadual precisar de medidas mais duras, por causa do aumento dos casos, vai poder contar com os prefeitos”.
A união das prefeituras da região metropolitana tem sido uma estratégia necessária. No último boletim do governo do estado sobre o coronavírus, divulgado nesta sexta-feira (26), o Paraná registrou 846 novos casos. Com relação aos óbitos, do total de 25 novas mortes no Paraná, 10 foram em cidades da região metropolitana.
Possibilidade de punição
Os municípios e o governo criaram restrições, mas ainda nem todos têm colaborado. “O que tem acontecido é que uma parcela pequena de jovens não tem levado o distanciamento social a sério. Recebi fotografias de jovens e adultos jogando futebol em quadra de grama sintética. Então peço aos pais da garotada, ajudem a cuidar dos jovens nesse momento”, pede o prefeito Wozniak.
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Como ainda nem todo mundo entendeu o recado da importância do distanciamento social, a fiscalização nos municípios vai ser intensificada. “Temos discutido propostas de punição aos infratores. Ainda não tem uma legislação, tem que aprovar uma regra específica de punição. O prefeito de Campo Magro deu exemplo, com uma lei municipal em que consegue autuar com valores. Infelizmente, só vão aprender quando sentir no bolso”, alerta ele.
A força do coletivo
Para o médico infectologista do laboratório Frischmann David Urbaez, é de extrema importância que a população entenda a gravidade do problema caso o isolamento social não seja levado a sério. “Enquanto não tiver vacina, o controle será pelo distanciamento social. E esse distanciamento é suprimir ao máximo a movimentação de pessoas, com suspensão de atividades comerciais, diminuição do fluxo do transporte coletivo. Se a circulação de pessoas cair drasticamente, quebra a cadeia de transmissão”, detalha o médico.
Segundo ele, as restrições municipais são as únicas maneiras de controlar o vírus, que é altamente transmissível. E por que as pessoas ainda não entenderam o recado? Para o infectologista, a sensibilização fica difícil porque não se vê a catástrofe. “Quando tem um terremoto, se vê os prédios derrubados. Enquanto o coronavírus, que tem o mesmo calibre de catástrofe, as pessoas não enxergam o caos. É uma questão difícil, as pessoas têm uma enorme resistência”, compara o infectologista Urbaez.
Enquanto não há vacina para a doença, a melhor maneira de controlar a covid-19 é seguir as medidas sanitárias.
Leitos de UTI são de todos
Os municípios da RMC, cada um com sua particularidade, têm diferentes números de infectados por coronavírus. São José dos Pinhais, por exemplo, registrou 568 casos confirmados da doença nesta sexta-feira (26), enquanto Bocaiúva do Sul tinha 23 infectados por covid-19 na mesma data. E quando há necessidade de um leito hospitalar, seja de enfermaria ou de UTI, a Central de Leitos encaminha o paciente para o hospital de alta qualificação mais próximo.
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“Com relação ao atendimento hospitalar, todas as emergências são iguais. Têm municípios com hospitais de alta qualificação, como Campina Grande do Sul, Curitiba, Campo Largo, mas outras cidades da região metropolitana não têm”, explica o diretor de gestão em saúde da Secretaria da Saúde do Paraná, Vinícius Filipak.
Então, quando um município ou outro tem um aumento muito expressivo de casos, ele pode ajudar a aumentar a taxa de ocupação de leitos também de outra cidade da região. “Se você tem um município que não adota nenhuma medida, a pessoa infectada vai circular, vai no seu emprego, vai em outra cidade, pega ônibus, pode contaminar outras pessoas. A população circula entre os municípios, por isso a importância de adotar medidas similares”, avalia o diretor.
Para manter o controle da doença e avaliar a possibilidade de uma revisão nas restrições de circulação de pessoas, a Sesa monitora os casos de todos os municípios e regiões diariamente. “Se precisar, o paciente pode ser internado na cidade onde não reside, pois se a pessoa ficar doente e não tiver atendimento, pode ser fatal”, concluiu Filipak.
Confira as principais medidas de cada cidade da RMC:
Pinhais
Fechamento total de todas as atividades comerciais aos domingos, exceto postos de combustíveis, farmácias, hospitais e outros de demanda essencial. Fica proibido soltar pipas no município. O infrator pode ser penalizado civil ou criminalmente.
Colombo
O funcionamento de supermercados, mercados, mercearias e açougues estão autorizados de segunda a sábado, das 8 às 21 horas, com fechamento aos domingos.
Almirante Tamandaré
Restrição do funcionamento do comércio em geral, com fechamento aos finais de semana. Supermercados, mercados, mercearias e açougues poderão funcionar de segunda a sábado, das 10 às 21 horas, sendo proibidos de abrir aos domingos.
Campo Magro
Fechamento do comércio aos domingos, com exceção do serviços essenciais. Todas as empresas com mais de dez trabalhadores em um mesmo endereço, assim como igrejas e templos, devem criar uma comissão de prevenção da covid-19.
Campo Largo
Município decretou alerta laranja para a covid-19, com restrições de horários para comércio em geral. Nos espaços públicos e comerciais, é obrigatório respeitar o limite de até 50% da capacidade.
Araucária
A prefeitura de Araucária também restringiu horários de funcionamento do comércio e restaurantes. Supermercados, mercados, mercearias e açougues também fecham aos domingos.
Fazenda Rio Grande
A prefeitura restringiu o horário do comércio e também proibiu a venda de bebida alcóolica após às 22 horas durante todos os dias, com exceção aos domingos, em que a venda é proibida durante o dia todo.
Piraquara
O município restringiu horários para o funcionamento de comércio e similares e proibiu o consumo de alimentos no interior de panificadoras, padarias e lojas de conveniência. Fica proibida a comercialização de bebidas alcóolicas após às 20 horas, inclusive por sistema de entrega.
São José dos Pinhais
A cidade também decretou horários específicos para o funcionamento do comércio e proibiu a abertura de salões de beleza, barbearias e similares aos sábados e domingos. As feiras livres foram proibidas aos fins de semana. Restaurantes só poderão funcionar com sistema de entrega aos sábados e domingos, e até às 22 horas.
Campina Grande do Sul
O município decretou horários para o comércio e serviços. As farmácias, drogarias, postos de combustíveis, panificadoras e estabelecimentos similares não sofrerão alterações no seu horário de funcionamento.
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