O corte de 237 árvores ao longo da Avenida Presidente Arthur Bernardes da Silva, entre os bairros Seminário e Vila Izabel, preocupa os moradores da região. As mudanças, que têm previsão concluírem em junho, fazem parte das obras do Novo Inter 2.
As plantas serão retiradas para alargar a pista utilizada pelos ônibus. O itinerário, que é uma aposta da capital paranaense pela eletromobilidade, promete passar por 28 bairros da cidade. A promessa é de que o novo caminho, feito por ônibus elétricos, reduza em oito minutos o deslocamento dos usuários da linha.
“Envolve questões de meio ambiente, como nós sabemos, a cidade de Curitiba tem uma propensão em relação às questões climáticas de aumento da temperatura, ondas de calor, então as árvores ajudam a manter a temperatura ambiente, a questão do solo e drenagem, apesar de que a prefeitura também comentou que vai ter a questão da drenagem, mas é mais em relação à redução da área verde e a retirada das árvores. Porque é a questão de alterar a natureza em si”, analisa a advogada e mestre em gestão ambiental Carolina Maia. A especialista também é moradora da região e vice-presidente do Conseg Seminário e Vila Izabel.
O trecho, conhecido como Cinturão Verde, concentra quadras de esporte, ciclovias, academia a céu aberto e locais de convivência. Outro ponto de embate é sobre a retirada das vagas de estacionamento da região, que atendem diretamente o comércio local. Os lojistas têm receio que o fim dos pontos afaste os clientes.
O Conseg está em diálogo com a prefeitura desde o início do ano. As equipes chegaram a realizar uma reunião pública para explicar o projeto. No entanto, o encontro foi marcado para o meio da tarde de um dia de semana, o que dificultou a participação popular.
“Agora, com um conhecimento mais aprofundado do projeto, a gente vai fazer algumas solicitações de inclusões ou de melhorias. A gente ainda está num diálogo informal, agora nós vamos formalizar algumas demandas da comunidade, como o caso de incluir um bicicletário e um estacionamento público no local para que aquela área ainda continue. Daí vamos aguardar o retorno da prefeitura”, completa Carolina.
Dos cortes de árvores, cadê o replantio?
O Plano de Arborização de Curitiba prevê que, para cada árvore retirada, outras duas serão plantadas. No entanto, o projeto apresentado ao Conseg não especifica onde será a compensação. Para os moradores, ela deveria acontecer no próprio bairro.
“Eu acho que, justamente por ser um cinturão verde, deveria ter algum tipo de lei que exige mais árvores na mesma região em que foram retiradas. Se colocarem longe, não vai compensar o que foi tirado do nosso bairro. Quando vão repor? Onde vão repor? O mundo inteiro tá vendo do tanto que a gente precisa de árvores. Falta explicarem para nós”, afirma o presidente do Conseg Seminário e Vila Izabel, Delcio Casagrande.
Questionada pela Tribuna, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente afirma que o projeto só prevê a retirada de árvores em locais estritamente necessários. A pasta diz que ainda não foi definido se as árvores serão repostas no próprio bairro, mas destaca que o Plano de Arborização de Curitiba será seguido estritamente.