Os moradores de rua que ocupavam o espaço sob o viaduto do Capanema, na região central de Curitiba, foram retirados do lugar onde a prefeitura pretende instalar um novo restaurante popular. De acordo com a administração municipal, uma ação teve início na semana passada na área em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente, Fundação de Ação Social (FAS), Departamento de Limpeza Pública e Guarda Municipal.
Segundo proprietários de imóveis na região, guardas municipais fazem patrulha no local todos os dias desde então. Nesta sexta-feira (11), não havia pertences ou sinais da presença de moradores de rua. De acordo com a prefeitura, funcionários também colocaram tapumes nos vidros, instalaram refletores novos e intensificaram os preparativos para o início das obras do restaurante.
A FAS afirma que a ação faz parte das buscas ativas da assistência social. A parceria entre os guardas e as educadoras sociais é voltada para as praças e espaços públicos que concentram grandes quantidades de pessoas em situação de rua. Os mutirões aconteceram praticamente uma vez por dia nos últimos meses: foram 26 em junho e 31 em julho.
Um comerciante – que não quis se identificar – destacou o aumento no policiamento na região. “Os guardas municipais dão plantão em todas as esquinas, ficam de olho para os moradores de rua não invadirem aquele espaço embaixo do viaduto”, conta. Já o policial militar reformado Cezar Kotviski, de 54 anos, aponta ainda a melhoria na iluminação e retirada do lixo acumulado nas ruas próximas. “Depois da ação, não vi mais moradores de rua por ali. É uma situação social, é triste. Mas eles ficavam pela região, precisam de atendimento”, diz.
De acordo com Maria Alice Erthal, diretora de Atenção à População em Situação de Rua da FAS, a região é alvo de muitas reclamações na Central 156. “Nossa ação visa evitar que eles fiquem ali, nesse esconderijo. Reforçamos os encaminhamentos nos últimos meses”, afirma. “Futuramente esse local dará espaço ao restaurante. Mas ainda acaba concentrando muitos problemas em relação às drogas. Por isso, de vez em quando, fazemos uma ação conjunta. Há algum tempo, fizemos uma ação conta o lixo acumulado. Era um problema muito grave de saúde pública”.
Um morador de rua de 46 anos que cuida de carros pela região confirma a operação e diz que ela assustou os colegas. Segundo ele, os policiais realizaram a operação à noite e a FAS só apareceu na manhã do dia seguinte. Ele também disse que uma pessoa chegou a ser presa. A Guarda Municipal nega a detenção e a ação isolada.
Ao longo deste ano, a prefeitura já realizou duas ações no espaço, ambas em maio. A primeira foi para retirar as manilhas que cercavam a estrutura desde o início de 2015. Durante a obra, as pessoas em situação de rua que tinham se estabelecido no local foram retiradas dali. Em seguida, foi feita a instalação de um sistema de iluminação debaixo do viaduto.
Restaurante adiado
Anunciado pelo prefeito Rafael Greca (PMN) nos primeiros dias de sua gestão, o restaurante popular não deve mais ser inaugurado neste ano. De acordo com Maria Alice Erthal, da FAS, que participa das reuniões, a unidade deve ficar pronta apenas no ano que vem. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), responsável pelo projeto, afirma que a obra espera apenas dotação orçamentária e que, uma vez iniciada, deve ser concluída em três meses.
As refeições serão subsidiadas integralmente à população carente cadastrada pela FAS. Os cidadãos que recebem algum tipo de benefício, como Bolsa Família, Família Paranaense, entre outros, terão direito à alimentação com valor reduzido ao custo de R$ 2. Aos demais, a refeição custará R$ 5.
O restaurante popular terá espaço para atender 150 pessoas simultaneamente.O local não terá cozinha – os alimentos chegarão prontos de uma cozinha industrial externa. A estimativa é de que o investimento seja de aproximadamente R$ 1,3 milhão.