Uma construção abandonada causa medo e insegurança nos moradores de um trecho da Avenida João Gualberto, no Alto da Glória. A obra inacabada de um prédio da C&M Incorporadora se tornou um ponto de preocupação. Os muros em aberto e as estruturas pela metade viraram mocó e abrigo para quem mora nas ruas.
“Tá um caos e faz tempo. Esse prédio está abandonado, enfeiou nossa entrada e eu tenho medo de chegar em casa a pé. Já tentamos de tudo, vereador, deputado e até advogado, nada aconteceu. Eu moro aqui há 17 anos, faz uns seis ou sete que perdi a paz”, relata a aposentada Maria Angela Alban, moradora do prédio ao lado.
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O condomínio em que ela mora precisou aumentar os muros para garantir a segurança. Os vizinhos começaram a registrar a situação em diversos canais de atendimento. É o caso do empresário Patrick Brito, que fez oito boletins de ocorrência com a polícia.
“É extremamente inseguro morar aqui. Acabou com a estética do nosso prédio, mas esse é o menor dos problemas. Eu já fiz BOs por perturbação e uma das vezes um cara saiu o preso. A polícia veio até aqui achou um cara que estava foragido por invasão à propriedade privada. É cheio de senhoras no prédio e elas têm medo de entrar e sair sozinhas”, destaca o morador.
De acordo com Patrick, os agentes não foram ao local em todas as vezes. Alguns dos protocolos aparecem como “concluídos sem ação”. A situação impactou diretamente a rotina de quem mora na região. É o caso da moradora Karina Margarida.
“A gente vê de tudo, é morador de rua, é dependente químico, até prostituição eu já vi por lá. Eu tenho um filho de 6 anos e eu tenho um cachorro e não dá para andar a pé por ali. Quando vou esperar a condução com o meu filho de manhã, não saio da portaria”, aponta a mãe.
Quem vai resolver o problema?
Procurada pela reportagem, a C&M Incorporadora afirmou que não iria se manifestar sobre o caso. A Tribuna apurou que a empresa teve a falência decretada. Em seguida, um escritório de advocacia ficou responsável pelo patrimônio, que foi devolvido ao banco que financiou a obra. No entanto, o banco não foi identificado.
“Quem tem a obrigação de fiscalizar a segurança e a limpeza é o Poder Público, justamente a Prefeitura que tem acesso à matrícula do imóvel e pode notificar o atual proprietário. A alternativa para o morador é continuar denunciando nos canais”, afirma o advogado e doutor em Direito, Frederico Glitz.
Questionada pela reportagem, a Secretaria de Urbanismo afirma que os vizinhos podem fazer uma denúncia de abandono. É a partir dela que a pasta pode fiscalizar o local. Em muitos casos, a dificuldade está em localizar o proprietário. Caso ele não tome as providências, o caminho é a multa.
O abandono pode ser denunciado por meio da Central 156.