Centro

Praça de bolso do ciclista começa a sair do papel

Todos os fins de semana, dezenas de pessoas se reúnem na esquina das ruas São Francisco e Presidente Farias, no centro de Curitiba, com um objetivo comum: construir a Praça de Bolso do Ciclista. Mais que garantir um espaço para o encontro dos amantes da bicicleta, o local é uma demonstração da possibilidade de parceria entre a comunidade e o poder público – neste caso, a Prefeitura, que cedeu o terreno e o projeto, enquanto voluntários se encarregam das obras.

“Construirmos o novo espaço com nossas próprias mãos confere um valor diferente do que se recebêssemos a praça pronta”, disse o escultor e ciclista Lourenço Duarte, um dos assíduos voluntários da obra. Na manhã do domingo (13), ele trabalhava no local ao lado de vários profissionais liberais.

“Há quatro meses, minha rotina mudou totalmente graças à construção da praça”, contou o escultor. “Sempre que tenho um tempo vago, venho logo para cá, para ajudar.” Segundo Duarte, a previsão é de que a praça fique pronta no mês de agosto.

A comerciante Ieda Emi Sewo, ciclista há cinco anos, também tem doado boa parte do seu tempo vago em prol da construção da praça. No local, ela ministra oficinas gratuitas de mosaico nas manhãs de sábado. O resultado irá decorar bancos e paineis do novo espaço.

“Não sou professora, mas compartilho o que aprendi em alguns cursos que já fiz para quem quer aprender”, explicou. Para Ieda, o processo de construção da Praça de Bolso é uma experiência de troca de talentos e convergência de boa vontade. “A cada passo dado, as pessoas vibram”, disse.

Mutirão inédito

Para que a Praça de Bolso do Ciclista se transformasse numa realidade, a Prefeitura de Curitiba cedeu o terreno, desenvolveu o projeto arquitetônico conceitual, fez as obras de terraplanagem e doou os materiais. Os cicloativistas entraram com a mão de obra e contam com o apoio técnico do arquiteto Gabriel Gallarza. “Tem sido um trabalho comunitário muito interessante, algo que valoriza ainda mais a praça”, disse Gallarza.

“Essa foi a maneira encontrada para implantar a praça de forma mais rápida e descomplicada, sem ter de seguir os trâmites decorrentes de uma licitação. Assim, atendemos o interesse dos cicloativistas e, reforçando a parceria com a Ciclo Iguaçu, reafirmamos uma nova maneira de entendimento entre o poder público e a sociedade civil organizada que beneficia a todos”, explica o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Sérgio Póvoa Pires.

O bem humorado nome do local indica as pequenas dimensões da praça, que são inversamente proporcionais à importância que este espaço adquire para os cicloativistas. Localizada diante da Bicicletaria Cultural, lugar que é ponto de encontro dos amantes da bicicleta, a Praça de Bolso traz a marca da humanização dos espaços públicos. No local, já foi pintado um mural em homenagem ao cicloativismo, obra realizada por ocasião do III Fórum Mundial da Bicicleta realizado este ano em Curitiba. Foi concebido pela artista plástica Mona Caron que nasceu Suíça, mas vive e trabalha na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos.

O lugar também terá um muro coberto por plantas, um totem, bancos, floreiras, decoração em mosaico, iluminação especial, espaço lúdico para crianças e equipamento para estacionar bicicletas. A Praça de Bolso do Ciclista já recebeu o plantio de um ipê-roxo (Tabebuia avellanedae) com cinco metros de altura. A árvore, que pode atingir até 35 metros, é característica da Mata Atlântica e floresce de junho a agosto, em tons de vão do rosa ao roxo.

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