E aí?

Por que Curitiba tem poucas ruas de concreto? Material é mais resistente e durável que o asfalto

Ruas de asfalto em Curitiba são pouco presentes na cidade, maioria fica em canaletas.
Ruas de asfalto em Curitiba são pouco presentes na cidade, maioria fica em canaletas. Foto: Arquivo/Tribuna do Paraná.

Apesar de atributos técnicos como maior resistência e durabilidade comprovados ao longo dos últimos 20 anos, as ruas de concreto de Curitiba ainda representam uma ínfima parte dos 4.696 km que compõem a malha viária da cidade. Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), são apenas 46 km cobertos com uma mistura de pedra, areia, água e cimento Portland. Dentre os trechos mais importantes, destacam-se as canaletas exclusivas para ônibus da Linha Verde e parte das avenidas Wenceslau Braz, das Indústrias, Afonso Camargo e Santa Bernadethe.

As ruas de concreto duram cerca de três vezes mais do que as de asfalto, de acordo com estudos da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). O material suporta melhor a frenagem e o peso dos veículos. Também é mais sustentável e tem melhor custo benefício a longo prazo. Mesmo assim, o concreto, por enquanto, é uma alternativa estratégica presente quase exclusivamente em pistas de rolagem de ônibus e pontos de parada desses veículos pesados.

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Hoje, estima-se que a durabilidade do pavimento em concreto, também chamado de pavimento rígido, seja de 20 anos nas vias de tráfego pesado, e de ainda mais tempo em ruas calmas. Ele está presente em 36 ruas e 440 trechos de Curitiba.

Concreto da Avenida Iguaçu, em Curitiba, completa 20 anos
O professor de engenharia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Mario Henrique Furtado é especialista em transportes e estradas e destaca o aniversário da pavimentação em concreto da Avenida Iguaçu. “Está fazendo 20 anos e é prova do sucesso do projeto. Não abriu um buraco. O piso é estável”. Apesar da boa qualidade do pavimento da Avenida Iguaçu, reportagem desta Gazeta do Povo registrou que houve, no entanto, um incidente em 2012, quando, por causa do calor, placas de concreto se elevaram no cruzamento com a Rua Saint Hilaire, causando acidente e provocando interdição do trânsito.

Outro trecho pavimentado com concreto de destaque é a rua Presidente Faria, que fica atrás do passeio público, com um ônibus passando a cada minuto. A rua tem um calçamento em concreto desde 1996 e permanece em bom estado. Já a Linha Verde é mais recente, mas tem um dos principais trechos em concreto da capital, somando 13 km de pavimentação.

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Custo inicial para implantação é maior do que o de asfalto

Aos poucos, os projetos de calçamento em concreto já estão aparecendo em Curitiba fora das áreas de tráfego pesado. Um exemplo é o Bairro Novo do Caximba, com todas as ruas em concreto. Furtado conta que “é um projeto inovador de pavimento sustentável com placas de concreto poroso. O IPPUC comprou a ideia e vai usar o material numa situação bem atípica”, explica.

O concreto ainda não é tão comum nas ruas residenciais porque o custo inicial para implantação é maior do que o do asfalto. Contudo, quando se computam os gastos para tapar buracos ao longo da vida útil de outros pavimentos, o custo total é praticamente o mesmo, segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Para o gerente da regional sul da ABCP, Alex Maschio, Curitiba, mesmo sendo pioneira, poderia explorar melhor o concreto pela cidade. “Ao invés de ficar fazendo manutenção nas mesmas ruas de asfalto, o destino do dinheiro público poderia ir para outras atividades”, pontua. Ele dá o exemplo das cidades da Argentina, que têm 51% da malha urbana em concreto, e do Chile, que têm 75%.

R ruas de concreto de Curitiba ainda representam uma ínfima parte dos 4.696 km que compõem a malha viária da cidade. Foto: Luiz costa/SMCS/Arquivo

Pavimento de concreto ganha em sustentabilidade

Além da vantagem pela durabilidade, o concreto pode se tornar opção nas áreas residenciais por mais um motivo: a sustentabilidade. A começar pela cor: ele é mais claro do que o asfalto, reflete mais a luz solar, o que reduz a absorção de calor. Isso faz com que o uso de ar condicionado, por exemplo, seja menor. Consequentemente, diminui a emissão de gás carbônico e o gasto de energia.

A característica da cor também mantém o ambiente 60% mais iluminado. O gerente da ABCP explica que “onde hoje há 10 postes de iluminação, com o concreto, é possível ter apenas 4”.  Para conseguir esse efeito, em Los Angeles, ruas de asfalto foram pintadas de cinza claro, da cor do concreto, em 2017.

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) ainda comprovou que o ciclo de vida do concreto é 11% mais eficiente do que o do pavimento asfáltico, reduzindo o descarte do material que vai para o aterro sanitário.

“Hoje a gente tem essa comprovação de que o concreto é competitivo e pode ser utilizado nos bairros em vez dos antipós que exigem muita manutenção”, conclui Maschio.

Ippuc desconversa sobre plano de expansão das ruas de concreto

Procurado, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) não informou se existe um plano para implantação de mais ruas de concreto em Curitiba, nem se dispôs a fazer uma análise da eficiência do pavimento aplicado já há décadas em alguns trechos. Em nota, o IPPUC apenas explicou como são escolhidos os materiais para pavimentação das ruas em Curitiba. “Cada tipo de pavimento tem uma particularidade quanto ao custo (que é variável conforme a sazonalidade de valores que envolvem a matéria-prima), tempo de implantação, durabilidade, resistência, entre outros”.

O instituto de planejamento ainda informou que entre as variáveis que são levadas em conta no projeto de uma obra, estão “as questões que dizem respeito ao custo da implantação, orçamento disponível para licitação, contratação do projeto, licitação e contratação da obra, além da necessidade e capacidade de financiamento, o tempo de implantação, a viabilidade conforme as condições topográficas e a necessidade de licenciamentos ambientais”.

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