Empresários e moradores das proximidades das praças Zacarias, Osório e Rui Barbosa, Centro, estão se organizando para criar uma associação. O objetivo, segundo um dos principais idealizadores da iniciativa, Bernardo Luiz Duarte, proprietário da loja Otello, é exigir mais atenção do Estado quanto à segurança pública. Em menos de uma semana foram recolhidas 60 fichas de interessados em participar da associação. A expectativa é reunir pelo menos 300 associados.
A ideia da Associação dos Moradores, Empresários e Trabalhadores (Assomet) do Centro de Curitiba, segundo Bernardo, surgiu após uma reunião na Associação Comercial do Paraná (ACP), no mês passado. Participaram do encontro comerciantes, moradores e representantes da segurança pública. “Não sentimos que fomos realmente levados a sério. Saímos de lá sem nenhuma perspectiva real de que as coisas pudessem realmente melhorar”, comenta.
Exemplos
Elias Ferreira, dono do restaurante Santo Gosto, na Rua Emiliano Perneta, conta que, há pelo menos três meses, o comércio da região tem sofrido entre três e quatro arrombamentos por dia. No fim de semana, o número de casos já chegou a 12.
“Há poucos dias, a porta do meu restaurante foi arrombada. Meu prejuízo foi de pelo menos R$ 1 mil. Isso porque eles levaram, além de R$ 350 em moedas, mercadorias que estavam no estoque, como caixas de chocolate”, conta.
O gerente de uma loja de eletroeletrônicos, que preferiu não se identificar, diz que, em três meses, o estabelecimento foi arrombado sete vezes. “Só para arrumar as portas nós gastamos R$ 12 mil. Em mercadorias, o prejuízo chegou a R$ 120 mil. Eles levam sempre notebooks e celulares”, revela.
Estratégia
Durante o dia os bandidos vão às lojas, como se fossem clientes, para “escolher” as mercadorias. Os comerciantes reconhecem os ladrões nas imagens de circuito interno de seus estabelecimentos. “Normalmente, eles entram em dois e outra dupla fica do lado de fora, para verificar se está vindo alguém e pegar as mercadorias furtadas”, diz o gerente. Ele explicou que há arrombadores de todas as idades. “Reconheci um menino, de 11 anos, que passava em frente à loja. Com ele e o colega, de 13 anos, estavam dois celulares furtados no arrombamento da noite anterior”, acrescenta.
Sujeira
Comerciantes e moradores também reclamam do número de usuários de drogas, andarilhos e pedintes que transitam pelas ruas dia e noite e cometem furtos, roubos. “Além disso, muitas vezes, quando vamos abrir as portas, no outro dia, há dejetos humanos e lixo no chão”, comenta Bernardo.
Demora da polícia incomoda
A reclamação dos comerciantes não é apenas com a falta de policiamento, mas com a demora de atendimento da Polícia Militar. O gerente da loja de eletroeletrônicos conta que identificou um grupo com objetos furtados, na Praça Osório, logo depois do arrombamento. Ele lembra que ligou para a polícia três vezes, mas, como a viatura demorou mais de uma hora, os ladrões foram embora.
Elias Ferreira conta que assistiu a uma entrevista do comandante Rocha, do 12.º Batalhão, e ficou indignado. “Ele argumentou que cabe aos comerciantes investirem mais em segurança privada. O que é feito com o dinheiro dos nossos impostos?”, desabafa.
Nota
A Polícia Militar, em nota, afirmou que a área central é uma das mais policiadas da cidade, com viaturas como ponto de base nas praças e locais estratégicos. Quanto à quantidade de policiais e viaturas disponíveis para a ronda noturna, a reportagem não teve resposta.
O delegado-titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba, Francisco Caricati, comenta que foi levantado o número de fur,tos, roubos e arrombamentos no centro.
“O trabalho já tem dado resultados positivos. Na semana passada, por exemplo, prendemos sete pessoas”, disse Caricati.
Ajuda
Caricati pede aos comerciantes para ajudar no reconhecimento dos que são presos e levar imagens de circuito interno das lojas. Ele reforçou que o registro de boletim de ocorrência é essencial para as investigações e planejamento em segurança pública. O endereço da DFR é Avenida Presidente Affonso Camargo, 2.239, Cristo Rei. O telefone é (41) 3218-6100.
