A densa névoa carregada com cheiro de fumaça que assustou moradores de várias regiões de Curitiba na tarde de terça-feira (16) pode ter sido a responsável por elevar os índices de poluição da capital para números próximos aos de Pequim, na China. Segundo o professor Ricardo Godoi, do departamento de engenharia ambiental da UFPR, na terça, por volta das 17 horas, a medição de sensores instalados em Curitiba e região metropolitana detectou a presença de partículas sólidas inaláveis na ordem de 50 microgramas/m3. Para se ter uma ideia, nesta época de pandemia, quando não há tanta gente circulando pelas ruas, as medições costumam apontar índices entre 5 e 6 microgramas/m3. O volume considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até 10 microgramas/m3.
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Segundo o Corpo de Bombeiros, a névoa foi causada por um incêndio ambiental no bairro Jardim das Nascentes, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Ainda na terça-feira, o Major Pinheiro dos Bombeiros disse que o fogo ocorreu em uma área grande de vegetação. Os ventos que sopravam no sentido Leste ajudaram a espalhar a fumaça. Em Curitiba, houve relatos de névoa densa entre moradores dos bairros Alto da XV, Centro, Cajuru, Jardim Botânico e até das Mercês, Bacacheri, Bairro Alto e Capão da Imbuia.
Embora a fumaça da queimada aparente ter relação com o aumento dos índices de partículas finas registradas circulando no ar de Curitiba, as análises da engenharia ambiental da UFPR não permitem afirmar que tenha sido realmente este o motivo. “Mas foi um número preocupante. Em alguns momentos, chegamos a registrar cinco vezes mais do aceitável pela OMS. Embora um dos nossos equipamentos seja capaz de diferenciar partículas de fuligem das partículas de biomassa, o que poderia indicar a queima de ávores, não é possível afirmar que tenha sido a queimada”, disse Godoi.
Os equipamentos da UFPR que medem a quantidade de partículas no ar estão instalados no Centro de Curitiba (Praça Ouvidor Pardinho), Jardim das Américas (Centro Politécnico da UFPR), Araucária e Colombo. A névoa de poluição é chamada tecnicamente de pluma. Segundo Godoi, a pluma registrada em Curitiba durou até a manhã desta quarta-feira (17). “Comecei a fazer uma análise mais detalhada e, realmente, das 17h de terça até hoje pela manhã, ainda tinha uma poluição bem grande”, finalizou.