Dados oficiais das forças de segurança e do governo federal mostram que o Paraná foi um dos estados de origem de boa parte dos manifestantes detidos após os protestos registrados em Brasília, há dez dias, que resultaram em vandalismo às sedes dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Dois políticos paranaenses estão na lista dos quase 1,4 mil presos por atos de vandalismo na capital federal, e 13 pessoas e empresas do estado foram citados entre possíveis financiadores dos protestos.

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A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal divulgou uma lista com os nomes das pessoas que foram detidas na Praça dos Três Poderes. Entre eles, está o de Gennaro Vela Neto, candidato a deputado federal pelo PL do Paraná nas eleições de 2022. Ele é de Curitiba e garantiu uma vaga de suplente do Partido Liberal na Câmara dos Deputados.

No site oficial dele, Vela Neto se define como bacharel em Ciência Política, empresário e terapeuta holístico com foco no desenvolvimento e estudos das Ciências Mentais, analista corporal, coaching empresarial, amante da natureza e da sustentabilidade, além de espiritualista universal cristão, padrinho e consagrador da verdade e ufologista amador.

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Entre as propostas de campanha, Vela Neto destacava “o cuidado com a informação audiovisual e social de crianças, jovens e adultos, em prol da família; a segurança na formação e apoio as [sic] práticas integrativas de saúde; os investimentos necessários para a produção sustentável de alimentos orgânicos, com a agricultura familiar mais baratos para todos; fortalecer o setor de energia limpa residencial e automotivo; trabalhar com uma política nacional de visão holística e despertar o verdadeiro significado sobre o que é política na nova era”.

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Procurado pela Gazeta do Povo, o deputado federal Fernando Giacobo, presidente do Partido Liberal no Paraná, disse que não iria se pronunciar sobre a prisão de Gennaro Vela Neto. Em nota oficial, o PL do Paraná afirma que o caso será repassado ao diretório estadual do partido, responsável por analisar a instalação de um processo disciplinar contra o suplente de deputado preso. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Gennaro Vela Neto.

O outro político na lista dos detidos é Ademar Bento Mariano. Natural de Maringá, Soldado Bento, como é mais conhecido, tentou por duas vezes concorrer ao cargo de vereador na cidade de Querência do Norte, no noroeste paranaense. Na primeira eleição, em 2016, a candidatura dele foi indeferida por não ter cumprido com todos os requisitos exigidos pela Legislação Eleitoral – a disputa foi pela coligação “Construindo um Novo Futuro – PSC/PR/PMN”.

No pleito seguinte, em 2020, Bento voltou a concorrer a uma vaga no Legislativo municipal de Querência do Norte, desta vez pelo PTB. Os 202 votos obtidos nas urnas o colocaram como o terceiro mais votado do partido, assim garantindo a ele a suplência no cargo de vereador no município.

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Bento é policial militar aposentado desde fevereiro de 2016. Em nota, a Polícia Militar do Paraná informou à Gazeta do Povo que, após tomar conhecimento da prisão, “aguarda o envio da documentação por parte da Polícia Federal para avaliar a situação”. Por fim, a PM ressalta na nota que “não compactua com o desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes e adotará todas as medidas cabíveis ao caso”. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Soldado Bento.

Pedido para bloqueio de bens

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal do Distrito Federal uma medida cautelar para bloquear R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas que financiaram o fretamento de ônibus que levaram os manifestantes até Brasília. Entre esses nomes estão 10 pessoas e três empresas do Paraná.

As empresas listadas pela AGU como possíveis financiadoras dos manifestantes paranaenses que praticaram vandalismo em Brasília são de Castro, Piraí do Sul e Cornélio Procópio. As pessoas físicas do Paraná listadas pela AGU na medida cautelar são de Missal, Realeza, Cascavel, Cianorte, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Londrina, Nova Londrina, Ponta Grossa e Francisco Beltrão.

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Dessas pessoas e empresas, a AGU quer que seja feito o “bloqueio de bens móveis e imóveis, de valor apto a assegurar o efetivo e devido ressarcimento ao erário federal pelos danos causados” nos prédios públicos da capital federal. A medida, reforça a AGU, pode ser estendida a outros bens não arrolados no pedido de medida cautelar “que sejam suficientes para ressarcir todo o valor malversado”.

Foram do Paraná que saíram alguns dos ônibus apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) cujos passageiros supostamente fizeram parte dos atos de vandalismo em Brasília. Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) solicitados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostram que mais de 250 ônibus foram fretados em todo o país entre os dias 5 e 8 de janeiro com destino a Brasília.

30 ônibus do Paraná em direção a Brasília

Foram 30 as saídas registradas de ônibus fretados com origem no Paraná em destino à capital federal durante o período citado pelo STF, mas isso não significa que todos esses veículos transportaram manifestantes para os protestos em Brasília. Os dados públicos disponíveis no site da ANTT trazem apenas o CNPJ das empresas responsáveis pelo fretamento, as datas de origem e destino da viagem e a placa dos veículos. Dados sigilosos, como a lista de passageiros e os nomes dos contratantes das viagens, foram disponibilizados somente à Suprema Corte.

O que??

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