Os policiais civis da delegacia do Alto Maracanã, na época em que Thayná Adriane da Silva, 14 anos, foi assassinada, em junho do ano passado em Colombo, estiveram ontem no Instituto de Criminalística (IC), para coletar material biológico para exame de DNA e pôr fim ao boato que teriam envolvimento na morte da garota. O DNA dos policiais seria confrontando com o do esperma encontrado na estudante. No entanto, o diretor do IC, Hemerson Bertassoni Alves, não permitiu a coleta por não concordar com exigências feitas pelos advogados dos policiais, alegando que elas vão contra as leis vigentes.
O advogado André Romero explicou que não há nenhuma determinação judicial que obrigue os policiais a tal exame e que eles decidiram voluntariamente ceder o material biológico. Em setembro do ano passado, o Ministério Público emitiu ofício ao delegado Cristiano Quintas, da Divisão de Homicídios (que preside o inquérito do assassinato), para que encaminhasse os policiais para exame. Somente nas últimas três semanas os policiais foram ouvidos na DH e reafirmaram nas oitivas o desejo de fazer o exame.
Legislação
Segundo Romero, a única exigência feita era que um técnico assistente (médico geneticista, escolhido pelos policiais e seus advogados) acompanhasse a coleta de sangue dos policiais para garantir a lisura do procedimento. “O sangue para este tipo de exame parece com o teste do pezinho, feito em recém-nascidos. Através de um furo feito na pele, a gota de sangue é coletada num cartão numerado. A única coisa que nós queríamos é que a coleta fosse dupla, ou seja, um cartão numerado ficaria com a Criminalística e o outro ficasse com o técnico assistente. Como fazer um exame de DNA é muito caro e os policiais não tem condições de bancá-lo, o técnico apenas armazenaria os cartões, caso futuramente seja necessária uma contraprova. Se a Criminalística afirmar que o DNA de algum destes policiais bate com o do esperma encontrado na Thayná, teríamos este material biológico coletado para fazer uma contraprova. Só isso”, explicou Romero.
No entanto, o diretor do IC esclareceu, através de nota à imprensa, que não se negou a coletar o material biológico e de emitir os referidos laudos. Apenas não concordou com a presença de um técnico assistente escolhido pelos advogados porque a presença dele não era mencionada nos ofícios do Ministério Público e da autoridade policial, muito menos de que ele ficaria com amostras sanguíneas para realização de exame genético fora do IC. Ele embasou a decisão citando o artigo 159 do Código de Processo Penal, parágrafos 3.º, 4.º e 5.º (inciso II) e 6.º, que falam exatamente sobre o que ele explicou na nota oficial.
Os advogados de defesa dos policiais, André Romero e Marluz Dalledone, refutaram o embasamento de Bertassoni, dizendo que já existe farta jurisprudência que permite a presença do técnico acompanhando o exame.
Silvan
Dalledone ainda explicou que, apesar de nenhum policial ter cedido material biológico no IC, ontem, o delegado Silvan Rodney Pereira, que está neste grupo de policiais, já tinha o seu perfil genético arquivado nos bancos de dados do IC. Ele explicou que, em setembro, quando houve os boatos de que os policiais estariam envolvidos na morte de Thayná, o delegado contratou um médico geneticista particular para fazer o seu perfil genético. O perfil, diz Dalledone, foi entregue à autoridade policial que, por sua vez, encaminhou ao IC. A Criminalística, diz o advogado, fez o comparativo com o esperma encontrado na estudante e o resultado foi negativo.
Já o IC, através da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, alegou que nunca coletou nenhum material genético de Silvan, muito menos realizou qualquer exame genético relacionado ao delegado.