'Na bronca'

Crise na Polícia Civil? “O sentimento é de humilhação”, revela investigador sobre disparidades de salário

Foto: Colaboração.

Escrivães e investigadores da Polícia Civil do Paraná deram início na quarta-feira (28) a uma paralisação nas atividades por 48 horas. A mobilização é um protesto contra o pacote do Governo do Estado que prevê readequação de carreira, mas que segundo a categoria, provocaria acumulo de função e perdas financeiras com a criação da carreira de Agente de Polícia Judiciária.

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A manifestação, conforme o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol-PR), ocorre devido ao projeto de lei apresentado pelos deputados da base governista, que caso venha a ser aprovado da forma como foi apresentado, trará perdas para a categoria. De acordo com os profissionais, a nova carreira traria pouca vantagem financeira comparada a outros servidores da mesma instituição, como por exemplo, os delegados.

@tribunapr Policiais civis do Paraná fazem paralisação em Curitiba contra mudanças na carreira e em salários #curitiba #policiacivil #paralisacao ♬ som original – Tribuna do Paraná

Segundo um material feito pelos agentes, a disparidade entre as remunerações entre escrivães, investigadores e delegados é imensa. Um delegado em início de carreira, quarta classe nível I, recebe hoje R$ 19,1 mil. Com o novo enquadramento, este mesmo profissional passaria a pertencer ao nível III, com salários de R$ 23,2 mil, um reajuste de 21,36%.

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Por sua vez, um investigador em início de carreira, quinta classe nível I, recebe hoje R$ 6,7 mil, segundo a postagem. Com a aprovação do pacote do Governo, esse agente passaria a receber R$ 7,2 mil, com um reajuste de 7%. Situação que tem provocado indignação entre os profissionais da categoria.

“O sentimento é de humilhação, pois é inaceitável que se privilegie um único cargo em detrimento de todos. O montante necessário para dar aumento aos delegados é 60% comparado aos investigadores, reforçando que são 450 delegados e 2.500 investigadores. É desproporcional, pois, se o delegado entrou em 2022, eles irão para o nível 3, enquanto o investigador que entrou no mesmo ano, fica no nível 1. Qual o motivo dessa diferença? Nada contra os delegados, mas nós somos os que mais trabalham”, desabafou um investigador, que pediu anonimato para a reportagem da Tribuna do Paraná.

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“Na minha unidade, atendemos mais de 580 atendimentos em sete pessoas. Viajamos o Paraná inteiro e o bolo vai ser dividido só para alguns? Quem vai carregar o piano? Os investigadores e escrivães é que irão dobrar de trabalho. É revoltante”, reforça o mesmo investigador ouvido pela reportagem.

Ainda na conversa, o investigador comenta que a vontade é de deixar o trabalho operacional nas ruas para ficar atrás de uma mesa na delegacia. “Policiais de 2008 e 2014 são os mais prejudicados e nunca mais serão os mesmos. Vamos virar funcionário público, deu o horário no relógio, eu vou embora para casa. Não vou correr atrás de vagabundo deixando minha família para trás. Esqueça”, completou o investigador.

“Inverdades”, diz sindicato dos delegados

A ADEPOL-PR e o SIDEPOL-PR, associação e sindicato dos delegados do Paraná, divulgaram nota oficial no início da tarde desta quinta sobre “as inverdades que estão sendo divulgadas sobre o Projeto de Reestruturação das
carreiras da Polícia Civil”.

Segue:

“O Governo do Estado do Paraná, no ano de 2022, formou uma comissão para início dos trabalhos para reestruturação das carreiras da Polícia Civil. No início das rodadas de negociações, o Governo do Estado informou que, naquele momento, não seria possível o atendimento de todas as carreiras da Polícia Civil, por questões relacionadas ao impacto orçamentário-financeiro. Optou-se então por conceder um reajuste médio de 17% na carreira de Investigadores, Escrivães e Papiloscopistas, além de implementação do auxílio alimentação, concedendo-se aos Delegados de Polícia o percentual médio de 4%, através da Lei Estadual nº 20.996/2022. Retomadas as negociações no novo encaminhado à Assembleia Legislativa, buscou-se a correção dos índices equalizando a distorção criada em
2022″.

As entidades enviaram uma tabela com índices propostas. E continua

“A verdade é que entre 2021 e 2023, a média percentual de reajuste acumulado dos Investigadores e demais Carreiras da Polícia Civil é de 29% e de 21% para os Delegados de Polícia e, entre os anos de 2021 e 2026, considerando a proposta do atual Projeto, os Policiais de Base receberiam um reajuste acumulado de 58%, enquanto os Delegados receberiam 51%, sendo incompreensível as inverdades que vem sendo propagadas.

As Entidades representativas dos Delegados de Polícia reiteram ainda o compromisso com a categoria, que nos anos anteriores acabou sendo prejudicada para atendimento das demandas salariais dos policiais de base, que foram atendidos de forma diferenciada, de modo que o atual Projeto apenas corrige distorções que foram criadas.

Além disso, é necessário repudiar injustos ataques à carreira dos Delegados de Polícia do Estado do Paraná. Cabe esclarecer, ainda, que no início das propostas de Reestruturação foi solicitado pelos Sindicatos da base da Polícia Civil, que se buscasse uma valorização dos policiais que estivessem “do meio para o final carreira”, considerando que no ano de 2022 os mais beneficiados foram os policiais recém ingressos na Instituição, que tiveram reajuste de 28%

O que diz o governo

De acordo com o Governo do Estado, cada categoria tem um índice que varia a cada reajuste, e que no caso da Polícia Civil, no ano passado, os delegados tiveram uma menor valorização financeira.

“O Governo do Estado já apresentou ao Sindicato dos Investigadores a nova tabela salarial. No topo da carreira o salário saíra de R$ 11 mil para R$ 22 mil em 2026, um aumento de 100%. Do meio da carreira até o final dela os aumentos vão variar entre 32% e 81%. Além desses percentuais, ao longo do processo de reestruturação, que começou em 2022, a categoria já recebeu 9% de aumento, em média.  Além disso, no sistema antigo menos de 5% conseguiam chegar no topo da carreira. Na proposta atual, todos os policiais vão conseguir alcançar as promoções para chegar ao topo da carreira.

A gestão estadual também explicou os motivos da fusão dos cargos de investigador e escrivão para agente de polícia judiciária, que deve ocorrer apenas de maneira administrativa e sem sobrecarga de trabalho, considerando que permanece a mesma jornada de trabalho de 40 horas semanais, informou o governo.

E os serviços para o povão?

A paralisação tem a participação efetiva de 80% da classe, e naturalmente os serviços realizados sofrem impacto. Em Curitiba, o Instituto de Identificação do Paraná, responsável pela confecção do Registro Geral (RG) está fechado. Vale reforçar que outras atividades consideradas de urgência, seguem funcionando normalmente.

Para quem precisa de atendimento, uma dica é utilizar o serviço pela internet, em que a pessoa faz o registro do Boletim de Ocorrência. Denuncias de crimes de furto, estelionato, extravio ou perda de documento, pessoa desaparecida acima de 12 anos, violência doméstica, ameaça, injuria, calunia, difamação e contravenção, de vias de fato cometidos contra a mulher (ambiente doméstico e familiar) e de maus-tratos contra animais podem ser feitas a distância.

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O que??

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