Os policiais civis não farão mais escolta dos presos detidos em delegacias. A decisão foi anunciada ontem, em audiência pública na Câmara de Curitiba. Segundo resolução conjunta das secretarias da Segurança Pública (Sesp) e da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), essa é uma atribuição da Polícia Militar. Mas representantes da corporação dizem que não há efetivo suficiente para assumir a tarefa.
Segundo o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez, a decisão foi comunicada ontem à Sesp, ao delegado-geral da instituição, Riad Braga Farhat, e à Polícia Militar. “A lei diz que essa é uma função da PM. Só faremos a escolta de presos se for determinado por escrito e assinado por uma autoridade, que irá se responsabilizar”, afirma. A decisão foi tomada após a morte do superintendente Marco Antônio Gogola, na quinta-feira, em Campo Largo, quando ele escoltava um preso para tratamento dentário.
Falta
A Sesp informou, em nota, que a PM terá mesmo que assumir a tarefa “até que a Secretaria da Justiça tenha efetiva e legal condições de realizá-las”. O tenente-coronel Washington Lee Abe, comandante do Batalhão de Polícia de Guarda da PM, responsável pela escolta dos presos das penitenciárias, disse na audiência pública, que a PM seguirá fazendo as escoltas no sistema penitenciário. “Vamos aguardar instruções superiores, mas do dia para a noite não é possível assumir essa tarefa”, ressalta.
Agentes
O diretor geral do Departamento de Execução Penal (Depen), Maurício Kuehne, explicou que há mais de 6 mil presos em delegacias, mas guardados por agentes da Secretaria de Justiça. “Uma omissão de mais de 50 anos não pode ser corrigida de uma hora para outra”, afirma.
Hoje, às 10h, será realizada assembleia dos agentes penitenciários na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, para discutir a reivindicação de reajuste do adicional de atividade penitenciária e a segurança nos presídios. Existe a possibilidade de greve.
