O assassinato do superintendente Marcos Gogola, da Delegacia de Campo Largo, ocorrido na quinta-feira (5) gerou uma série de protestos de policiais civis em Curitiba.
Na manhã desta sexta-feira (6), após o sepultamento de Gogola, no Cemitério Água Verde, os policiais realizaram uma carreata até a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), onde promoveram um sirenaço em protesto.
Na sequência, eles se deslocaram até a sede do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), encerrando a carreata na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Segundo André Luiz Gutierrez, presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), o problema das superlotação das cadeias se encontra na Seju.
“A Seju não está cumprindo um decreto do governador que determina a transferência de presos que estão nas cadeias públicas para as penitenciárias. Existe um cronograma de retirada dos presos das carceragens e isto não está sendo cumprido”.
Gutierrez reclamou da estrutura existente atualmente nas delegacias e disse que o Sinclapol cobrará providências do governador. “A estrutura é tão medonha que o policial faz com que as determinações policiais sejam cumpridas, mesmo correndo riscos. A Seju sabe qual é o problema, mas não resolve, então vamos buscar com o governador que providências sejam tomadas”.
O presidente do Sinclaplol disse ainda que o planejamento era a realização de uma carreata até a Seju apenas, mas depois que saíram da Secretaria, eles resolveram ir até o Gaeco para protestar.
Gutierrez afirmou que os policiais civis estão se sentindo ofendidos pela forma como o Gaeco vem tratando a classe policial. Por fim, o grupo resolver ir até a sede da OAB e conversaram com a assessoria jurídica da Ordem que, segundo Gutierrez, já se pronunciou totalmente a favor das reivindicações feitas pelos policiais civis.
Gutierrez disse também que na próxima segunda-feira (09) ocorrerá uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir o assunto e que o Sinclapol fará ações pontuais na tentativa de resolver o problema.
Nota
As assessorias de comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp) e da Seju divulgaram uma nota em conjunto a respeito das manifestações realizadas hoje por policiais civis.
Leia a nota na íntegra:
Em relação à manifestação de policiais civis, nesta sexta-feira (06/09), informamos o que segue:
– Lamentamos profundamente a morte em serviço do policial Marcos Antonio Gogola, profissional com histórico de bons serviços prestados à sociedade e de respeito à missão da Polícia Civil;
– Um grupo de trabalho está encarregado, desde o início do ano, de elaborar o ordenamento jurídico para a criação de um grupo especializado de guarda de muralha e escolta de presos, no âmbito da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
– Atualmente, a escola de presos é de responsabilidade exclusiva da Polícia Militar, conforme Resolução Conjunta (Sesp e Seju) nº 010, de 01/10/2012.
– Pela primeira vez, o Governo do Estado está unindo esforços para resolver a questão da superpopulação carcerária – um problema crônico exclusivo das delegacias de polícia, que se arrasta há mais de 30 anos no Paraná;
– A Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos está assumindo toda a responsabilidade pela guarda e custódia de presos, liberando os policiais civis para sua função de investigação e combate ao crime.
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– Em função deste trabalho, o excesso de presos em delegacias já foi reduzido em 67%, baixando de 11.660 em janeiro de 2011 para 3.832, hoje.
– Em pouco mais de dois anos, a guarda de presos a cargo exclusivamente da Polícia Civil baixou de 16.205 presos para 3.626, atualmente. Outros 6.315 presos permanecem em 56 carceragens da PC, sob os cuidados da Secretaria da Justiça.
– A quantidade de presos em penitenciárias do Estado subiu de 14.316, em janeiro de 2011, para 18.073 atualmente, em função da ampliação das vagas em 31 estabelecimentos penitenciários.
– Atendendo determinação da administração estadual, as duas secretarias mantêm o compromisso de acabar com a superpopulação carcerária no Estado.