A Polícia Militar (PM) pôs fim, ontem de manhã, à ocupação das calçadas da Rua João Dembinski, no bairro Fazendinha, em Curitiba. Nos locais, estavam vivendo cinquenta famílias (cerca de cem pessoas), desde setembro do ano passado. Elas se instalaram, montando pequenos cômodos de madeira, após terem sido retiradas, em ação de reintegração de posse também realizada pela PM, de um terreno localizado na região.

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A desocupação de ontem teve início às 6h e envolveu cerca de duzentos policiais. Não houve resistência por parte dos ocupantes. Algumas ruas próximas foram fechadas, por medida de precaução.

“A desocupação foi pacífica. Não aconteceu nada que exigisse uma ação mais enérgica da polícia. As pessoas tiveram um tempo para tirar seus pertences e, em seguida, começamos a demolição dos barracos”, disse o comandante do 13.º Batalhão da PM, major Sérgio Cordeiro de Souza, que chefiou a ação.

No momento da desocupação, algumas pessoas que estavam sendo retiradas disseram que teriam recebido da Justiça um prazo para saírem das calçadas e que esse tempo não estava sendo respeitado.

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O oficial de justiça da 4.ª Vara da Fazenda Pública, Altamir José Narciso, esclareceu que havia um prazo para que a ação de desocupação fosse planejada. Porém, os ocupantes das calçadas deveriam ter deixado os locais já no final do ano passado.

“As lideranças da ocupação tiveram pelo menos seis meses para deixar as calçadas, que são áreas públicas. Porém, não o fizeram e agora estamos tendo que agir”, informou.

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Muitas das pessoas retiradas foram levadas para casas de familiares. Quem não tinha destino foi encaminhado a abrigos da prefeitura. “A central de resgate da prefeitura está fazendo uma triagem e distribuindo quem não tem para onde ir em diversos abrigos, conforme as necessidades e condições de cada pessoa. Foi feita inscrição das famílias na Cohab (Companhia de Habitação Popular). Porém, elas vão ter que aguardar na fila. Não há como passá-las na frente”, afirmou o administrador regional da prefeitura na CIC, José Dirceu de Matos.

A moradora Deise Ezequiel, que se mantinha nas calçadas desde o início da ocupação, era uma das que diziam não ter para onde ir. “Tenho filhos pequenos, de dois meses, 5 e 10 anos de idade. Tive meu filho mais novo aqui e só estou aqui por necessidade, porque não tenho outro lugar pra morar. Não quero ir para um abrigo. Como vou cuidar de três filhos num abrigo?”, questionava.

Enquanto as pessoas retiradas reclamavam, a maioria dos proprietários de imóveis próximos à área ocupada comemorava. Segundo eles, a ocupação gerava muita insegurança à região.

“O fim da ocupação vai melhorar o trânsito e as questões de segurança. Os moradores da região tinham medo de passar perto da ocupação e desviavam da mesma.

Além disso, as pessoas que moravam nas calçadas viviam pedindo nas residências e o álcool e as drogas rolavam soltas”, comentou o mecânico industrial Luiz Santos, que mora a duas quadras da área ocupada.