O motivo do milésimo assassinato na Grande Curitiba, na tarde de segunda-feira, foi passional. A vítima, Gerson Ribeiro da Costa, 31 anos, foi identificada ontem no Instituto Médico-Legal. O atirador, identificado como Menegildo de Oliveira Teles, 42 anos, está preso.
Gerson conheceu a esposa em um programa de rádio. O casal trocou cartas e marcou um encontro. Começou então o pesadelo da mulher. “Passei dois anos apanhando. Ia trabalhar com a roupa suja de sangue, e, às vezes, não tinha onde dormir, porque se aparecesse em casa, apanhava de novo. Ele me fez abortar com sete meses de gestação”, desabafa a esposa.
Separação
Ela se separou dele e passou a viver em uma casa, em Campo Largo. Um amigo, que ela conhecia por Jeferson, e que mais tarde descobriu-se ser Menegildo, há pouco mais de um mês, foi morar com ela.
Gerson continuou a perseguir a ex-mulher. No fim de semana, ele invadiu a casa e ameaçou a todos. O amigo da mulher atirou contra ele. Atingido no cotovelo, Gerson foi para um hospital e logo recebeu alta.
Na noite de segunda-feira, ele caminhava pela Rua Dom Pedro II, ainda usando uma tipóia, quando foi localizado novamente por . O homem puxou Gerson pela roupa, atirou duas vezes na cabeça da vítima e fugiu.
Placa leva polícia até suspeito
Uma testemunha anotou a placa do Corsa usado pelo atirador e investigadores logo o encontraram, com o revólver calibre 38, usado no crime. O suspeito entregou uma carteira de motorista com o nome de Jeferson, mas os policiais descobriram que o documento era falso, e que ele se chamava Menegildo, antigo conhecido da polícia.
Ele foi condenado por um homicídio cometido em Curitiba, em 1997, já foi preso pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) por roubo, e também respondia por tráfico de drogas, crime cometido em 2004.
De acordo com a polícia, ele tem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), e evadiu-se da Colônia Penal Agrícola, no dia 11 do mês passado. Menegildo informou que não retornou ao regime semiaberto devido à morte do pai, e nega envolvimento na morte de Gerson.
Suspeitas
“Acreditamos que ele tenha cometido roubos em outras cidades”, afirma o chefe de investigação Marcos Gogola, da delegacia de Campo Largo. A mulher afirma que se sente aliviada, mas triste por ver o amigo preso. “Se o “Jeferson’ não o tivesse matado, Gerson iria matar a mim e minhas quatro filhas”.
Mau começo
Campo Largo, com apenas 13 homicídios desde janeiro, registrou duas mortes na segunda-feira. Além de Gerson, Valdirlei de Sá, 35, foi assassinado por dois homens em sua residência, na Rua Apóstolo Pedro, bairro Cristo Rei, às 22h10. Os bandidos chamaram pelo dono da casa e, assim que a vítima abriu a porta, foi baleada.
A dupla fugiu sem ser identificada. Valdirlei foi levado ao Hospital Nossa Senhora do Rocio, onde morreu horas depois. Em 2009, ele foi preso por tráfico de drogas. No ano passado, foi solto e, assim que voltou para casa, foi localizado por rivais e baleado no peito. Ele se recuperou, depois de algumas semanas internado.