Policiais da Delegacia de Homicídios prenderam cinco suspeitos de envolvimento na morte de seis pessoas, na chacina cometida sexta-feira (29), no bairro Barreirinha, em Curitiba. Eles foram detidos na segunda (1.º) e na manhã desta terça-feira (2). Com o grupo foram apreendidos droga, veículos, revólveres e a pistola Taurus, calibre ponto 40, usada no crime.
De acordo com o delegado-chefe da DH, Hamilton da Paz, a motivação da chacina foi disputa de grupos rivais para dominar o tráfico de drogas na região. Na noite de sexta-feira (29), foram mortos três homens, uma mulher e duas adolescentes, uma delas grávida de sete meses, em um barraco da Rua Albino Blum, no Jardim Arroio.
Conforme apurado pelo delegado, Marcelo Rodrigo Estevam, 22 anos, Márcia Andressa Medeiros, 26, e Anderson Carvalho dos Reis, 24 anos, morreram apenas porque estavam no local. “Os assassinos procuravam por Juarez de Moraes, que disputava o tráfico na região, por Valéria Neves da Luz (17 anos), e Cristiane Antunes da Silva (16 anos), que também foram assassinadas. André Antonio de Moraes (28 anos), foi morto porque era irmão de Juarez”, explica Paz. Juarez não foi encontrado pelos bandidos.
A disputa pelo tráfico de drogas no Barreirinha começou com a prisão de Marcelo Stocco, que antes liderava a criminalidade na região. Com Stocco detido, Juarez de Moraes e Ubiratan Xavier Fontoura, 46 anos, disputavam a liderança pela venda das drogas. Em meados de janeiro, Fontoura teria sido vítima de um atentado organizado por seu rival na companhia de um adolescente de 17 anos, identificado como Rodolfo Andraus Machado. Na ocasião, ele não foi ferido mas seu carro foi incendiado. Em conseqüência, no dia 17 de janeiro, o adolescente foi encontrado morto a tiros na mesma rua onde aconteceu a chacina do dia 29.
Segundo o delegado Hamilton, a chacina foi consequência da rivalidade entre Fontoura e Juarez. “Através da investigação, descobrimos que Fontoura se queixou a seu fornecedor de drogas, que Juarez estava tentando tomar o local onde ele vendia os entorpecentes. Depois disso, esse fornecedor contratou três pessoas para matar Juarez e as duas adolescentes que vendiam a droga para ele”, esclarece. Das seis pessoas mortas na chacina, apenas as duas garotas não possuíam passagem pela polícia. Os demais, além de antecedentes por tráfico e receptação, tinham mandados de prisão em aberto.
Prisões
Na segunda-feira (1) pela manhã, a polícia abordou Fontoura nas proximidades de sua residência. Ele estava com onze buchas de cocaína e uma pedra de crack. Na sua casa, foram encontrados um pires com cerca de quatro gramas de cocaína, três gramas de pó branco e quatro comprimidos de Qiftrin. De acordo com Fontoura, ele moia os comprimidos para aumentar o volume da cocaína que vendia.
Nesta terça-feira (2), policiais da DH prenderam, em Curitiba e Pinhais, Omar Vinícius Lopes Nascimento, 22, Adriano Martins Ribeiro dos Santos, 19, e Mário César dos Santos, 21, acusados de serem os executores da chacina. De acordo com a investigação da polícia, Nascimento teria ficado no carro esperando enquanto Ribeiro dos Santos e César dos Santos atiraram nas vítimas. Com eles, foi apreendido um veículo Siena vermelho, dois revólveres Taurus calibre 38, um Kadet bordô sem placas e com alerta de roubo, um conjunto de placas pertencente a um veículo Fiat, roubado em novembro, em Fazenda Rio Grande, além de vários documentos furtados de veículos e de pessoas.
Fornecedor
Também na manhã desta terça-feira (2), foi preso em Curitiba, Ezequiel Gomes dos Santos, 26, traficante acusado de ser o fornecedor de droga de Fontoura e a pessoa que contratou o trio e forneceu a arma para executar as duas adolescentes e Juarez de Moraes. Santos estava em liberdade provisória após ter sido preso por tráfico e porte ilegal de arma. Com ele foi apreendida a pistola Taurus ponto 40, com numeração raspada e de uso restrito da polícia, que foi utilizada na chacina. Também foram encontradas uma identidade falsa e uma balança de precisão com resquícios de cocaína.
Os quatro detidos nesta terça-feira confirmaram sua participação no crime. Fontoura irá responder por formação de quadrilha, tráfico de drogas e associação ao tráfico. Os demais respondem pelos mesmos crimes além de homicídio, receptação, porte ilegal de arma, roubo e furto. Santos ainda será indiciado por posse de arma de uso restrito. Eles serão encaminhados ao Centro de Triagem de Piraquara.
“Infelizmente não temos como prever e evitar esse tipo de crime. No entanto, podemos garantir que todos eles são investigados com todo o rigor e que em quase todos conseguimos identificar o autor e prendê-lo. Essa é a resposta rápida que a Polícia Civil dá para a sociedade”, afirma o delegado Hamilton da Paz.