A Polícia Civil do Paraná (PCPR) se manifestou sobre a continuidade do concurso público da categoria que teve a aplicação das provas canceladas na madrugada deste domingo (21), dia da prova, pelo Núcleo de Concursos da UFPR (NC-UFPR). Segundo o delegado geral da PCPR, Silvio Jacob Rockembach, a decisão unilateral da banca organizadora representa quebra de contrato e o governo analisa a possibilidade de cancelar o contrato e chamar outra banca para dar andamento ao concurso. O delegado garantiu que o concurso será realizado, principalmente porque o quadro funcional da PCPR está carente de efetivo. As informações foram repassadas em entrevista coletiva na sede do Departamento da Polícia Civil do Paraná, em Curitiba.
De acordo com Rockembach, a comissão da PCPR que acompanhava os trâmites do concurso só ficou sabendo do cancelamento unilateral por meio da internet, com a publicação de comunicado na página de concursos da NC-UFPR. “Até ontem, em contato com o diretor responsável do NC-UFPR, tudo estava certo para o andamento do concurso e os nossos questionamentos foram respondidos indicando que tudo estava de acordo para a realização das provas, incluindo as medidas sanitárias de saúde pública. Se havia falta de planejamento, deveríamos ter sido avisados com antecedência. Isso é um descaso com os candidatos, com o ser humano”, apontou o delegado geral.
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Segundo a PCPR, não há planos de cancelar o concurso de forma definitiva. “A Polícia Civil tem um déficit histórico de efetivo. Além dele ser um concurso esperado pela PCPR, isso causa um prejuízo monstruoso para a sociedade porque nós precisamos contratar policiais para recompor os seus quadros. O concurso não será cancelado de forma alguma. Nós vamos adotar todas as medidas legais necessárias e vamos verificar como esse concurso vai ser realizado, muito provavelmente com outra instituição”, afirmou Rockembach, embora ainda não haja data remarcada para as provas.
Silvio Rockembach ainda confirmou a surpresa da PCPR com a notícia do cancelamento da aplicação das provas, destacando a total indignação da polícia. “Nós contratamos uma universidade de renome. Nunca nos passou pela cabeça que, com a experiência que tem a instituição na aplicação de prova, realização de vestibulares, pudesse numa situação dessa demonstrar uma falta de planejamento, uma falta de organização que hoje nos causa uma surpresa tremenda”, finalizou.
A PCPR informou que os motivos para o cancelamento da prova ainda não foram detalhados pela banca organizadora. Houve apenas a publicação do comunicado oficial na página de concursos da instituição informando que as provas foram canceladas por problemas de segurança sanitária e falta de equipamentos necessários para garantir a saúde dos candidatos. A suspensão do pleito deixou candidatos indignados, já que muitos deles viajaram de longe e gastaram dinheiro com passagem, hospedagem, alimentação.
Já nas primeiras horas da manhã deste domingo, a reportagem tentou contato com o NC-UFPR por e-mail e aplicativos de mensagens e não obteve resposta para os questionamentos até a publicação da matéria.
Associação de delegados
A Associação dos Delegados de Polícia do Paraná (Adepol) não só se manifestou indignada com o cancelamento das provas pela NC-UFPR, mas também culpou o governo do estado pela falta de organização. Conforme ressaltou o presidente da Adepol, delegado Daniel Fagundes, a interrupção do concurso da PCPR em cima da hora foi vergonhoso. “Absolutamente vergonhoso o ato que parte do Núcleo de Concursos da nossa UFPR. É algo que, infelizmente, vai macular a imagem da UFPR. É algo inadmissível”, disse Fagundes.
Mas, segundo o presidente da Adepol, desde que o atual governo estadual assumiu o mandato no Paraná, em 2019, a instituição vem cobrando o preenchimento do efetivo da PCPR. “Desde que o governo Ratinho assumiu, a Adepol pediu o concurso público. Foi antes da pandemia. Se o governo tivesse tido a sensibilidade de ver que os policiais estão trabalhando sobrecarregados, o concurso já teria saído. Queremos dizer que o governo do estado é conivente com esse ato vergonhoso praticado pelo NC-UFPR”, concluiu Fagundes.