A Polícia Civil confirmou, na tarde desta quinta-feira (12), que o médico-legista Daniel Colman, que atua no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba, realizou falsa perícia no corpo da fisiculturista Renata Muggiati, assassinada pelo namorado, o médico Raphael Suss Marques, em setembro de 2015. Com isso, ele poderá ser demitido de seu cargo público.
Pouco depois da morte da esportista, os laudos sobre a morte se contradiziam. Enquanto outros exames diziam que ela tinha sido assassinada, pois ela já estaria morta quando foi jogada pela janela de seu apartamento, no Centro de Curitiba, o laudo de necropsia, feito por Colman, dizia que ela tinha cometido suicídio, ou seja, que morreu quando caiu no solo.
Diante do conflito e da dúvida, se havia ocorrido um homicídio ou um suicídio, um procedimento de investigação do laudo foi aberto. E a conclusão, conforme a Polícia Civil, é que Daniel realizou uma falsa perícia em Renata. Não se descarta que o médico possa ter recebido alguma vantagem financeira para emitir o documento com informações falsas. A polícia não deu maiores detalhes, porque o caso tramita em segredo de Justiça.
Diante da confirmação da Polícia Civil, a direção da Polícia Científica afastou o servidor de suas funções no IML. Além do inquérito, um procedimento administrativo disciplinar foi aberto na época e os trabalhos foram concluídos recomendando a demissão do servidor. O procedimento foi encaminhado à Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) e está no setor jurídico, para análise e parecer. Caso o jurídico acolha a recomendação de demissão, o procedimento será remetido à governadora Cida Borguetti, para última análise.
Dúvida
O suposto suicídio de Renata, aos 32 anos, imediatamente gerou muita discussão nas redes sociais, por conta de uma mensagem “estranha” que ela postou, dizendo: “Bom, aviso a todos que me seguem que hoje é meu último dia de vida, depois de sofrer 3 dias agressões e por amar a pessoa que estava hoje, me suicido feliz e em paz”.
Logo, a Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) abriu inquérito e começou a investigar o namorado de Renata, com quem tinha uma relação conturbada. Não demorou muito e ele foi preso. Negou o homicídio e disse à polícia que a mulher sofria de depressão, afirmando que ela já tinha tentado suicídio outros duas vezes.
Logo em seguida, os vários laudos sobre a morte apontavam a contradição. A maioria dizia homicídio e um só apontava suicídio. O corpo precisou ser exumado e o novo exame confirmou homicídio. Uma reconstituição do crime chegou a ser feita também.
O médico Raphael Suss ficou semanas preso, foi solto e de novo preso preventivamente. Ficou preso até agosto do ano passado, quando conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade. O inquérito foi encerrado e ele deve ser levado a júri popular. Inclusive ele passou a ser investigado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), pela suspeita de que não tinha os devidos registros para atuar como médico.
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