As aparentes divergências entre declarações dos quatro presos pela morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, e os levantamentos iniciais da perita Jussara Joeckel, do Instituto de Criminalística causaram polêmica dentro da Polícia Civil. Em reunião na tarde de ontem, os dados apurados no inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, e na perícia foram confrontados e a conclusão é que a investigação está correta e os quatro participaram do crime.

continua após a publicidade

O delegado-chefe da Divisão Metropolitana da Polícia Civil, Agenor Salgado, afirmou que a menina foi estuprada e morta pelos detidos, que confessaram o crime. Adriano Batista, 23 anos, Sérgio Amorin da Silva Filho, 22, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, e Ezequiel Batista, 22, eram funcionários de um parque de diversões, recém-instalado em Colombo, no caminho de Tayná para casa.

Salgado explicou que a perita foi mal-interpretada e que o trabalho dela no local de crime coincide com as conclusões da delegacia. Além dele, participaram da reunião a equipe responsável pela investigação, a perita, o delegado Silvan Pereira que saiu em férias e Fábio Amaro que ficará em seu lugar. Para o delegado da divisional, os quatro suspeitos, segundo as evidências, disseram a verdade na confissão.

Vilipêndio

continua após a publicidade

O estupro do cadáver, improvável pela forma como Tayná estava vestida, conforme constatou Jussara, foi explicado pela pancada na cabeça. De acordo com Salgado, o golpe pode tê-la deixado desacordada por muitas horas e os marginais pensaram que ela estivesse morta quando a estupraram pela segunda vez. Depois disto, não se descarta que ela tenha acordado e se vestido, antes de ser morta por estrangulamento, com o cadarço da própria bota, e jogada no poço onde foi encontrada.

O desmaio também explica, segundo a polícia, o conflito de horários entre o que disseram os detidos (de que mataram a estudante na terça-feira à noite) e do que constatou a perícia, de que Tayná pode ter morrido cerca de 48 horas antes de ser encontrada, ou seja, de que possivelmente morreu na quarta-feira final de tarde, até ser encontrada por volta das 17h de sexta-feira.

continua após a publicidade

Convicção

“Os quatro descreveram a estudante com muitos detalhes. Saímos da reunião com a convicção que as investigações estão certas. Foi unanimidade”, afirmou o delegado. O delegado Fábio Amaro deve apenas identificar a participação de cada suspeito no crime e concluir o inquérito.

Intimidação pro sexo

O delegado-chefe da Divisão Metropolitana da Polícia Civil, Agenor Salgado, também rebateu outra polêmica. Jussara disse em entrevistas que, com exceção da pancada na cabeça e do estrangulamento, Tayná não sofreu violência física aparente. “Ela não falou em violência sexual. Disse violência física”, alertou o delegado.

O inquérito aponta que, coagida pela presença dos quatro homens, a jovem fez sexo com um dos marginais, que alega ter usado camisinha, para tentar escapar logo daquela situação. “Isso não é uma violência física. É uma violência presumida, em que a vítima é incapaz de reagir”, explicou Salgado.

Quando um segundo suspeito tentou abusar dela, a jovem provavelmente se recusou ao sexo e levou a pancada na cabeça. Possivelmente foi quando ficou desfalecida e foi estuprada novamente no dia seguinte.

Local

Sobre os detidos não informarem o local correto onde esconderam o corpo, o delegado divisional disse que eles sabiam que se encontrassem o cadáver, poderiam ser linchados pela população que acompanhava o trabalho. “Talvez até a delegacia poderia ser invadida”, disse Salgado.