O bairro Pinheirinho, na zona Sul de Curitiba, é a região da capital mais afetada pela pandemia de covid-19, tanto na incidência de casos confirmados, quanto na taxa de mortalidade. A informação foi revelada por pesquisadores da Rede Cooperativa de Pesquisa em Modelagem da Epidemia de Covid-19 e Intervenções não Farmacológicas (Modinterv), com base na análise de dados do Portal Modinterv Paraná Covid-19 – novo projeto que disponibiliza informações da curva epidemiológica da pandemia em diversas localidades do estado do Paraná.
O modelo matemático utilizado na ferramenta pelos pesquisadores compila dados publicados pelas secretarias municipal e estadual de saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto foi desenvolvido, em conjunto, por estudiosos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e das universidades federais de Pernambuco (UFPE) e de Sergipe (UFS).
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A ferramenta aponta que, a cada cem mil habitantes, quase 13 mil foram infectados com o novo coronavírus no distrito sanitário do Pinheirinho, que engloba esse e outros bairros próximos. A segunda maior incidência de casos ocorre no distrito sanitário da Cidade Industrial, com quase 12 mil contaminados. Os menores índices foram encontrados nas regiões do Cajuru e de Santa Felicidade, com nove e oito mil contaminados a cada cem mil habitantes, respectivamente.
Por que no Pinheirinho?
O fato de o bairro Pinheirinho e seus arredores serem os mais afetados pela pandemia, segundo os pesquisadores, está atrelado ao número de pessoas que circulam diariamente por essa região. Para Maria Carolina Maziviero, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, o terminal do Pinheirinho, responsável pela integração com municípios da região metropolitana como Fazenda Rio Grande e Araucária, pode ser um dos principais focos de disseminação do vírus.
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Casos no Paraná
Ao analisar os dados do Paraná com base nas regionais distribuídas pelo estado, os pesquisadores concluíram que a regional de Foz do Iguaçu é a principal acometida pela pandemia em incidência de casos e em taxa de mortalidade. A cada cem mil pessoas, aproximadamente 14 mil se contaminaram com o coronavírus e 292 faleceram em decorrência da doença na região.
“À medida que a doença se tornou global, a circulação de pessoas e mercadorias se tornaram também vetores da circulação do vírus pelo mundo. Deve-se levar em conta que pré-sintomáticos, pessoas com sintomas leves e, sobretudo, os assintomáticos têm papel significativo na disseminação do vírus, porque podem ser transmissores anônimos”, destaca Maria Carolina.
De acordo com estudo de pesquisadores brasileiros do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), publicado na revista The Lancet, a desigualdade social também tem papel decisivo em mortes e em casos de Covid-19 no Brasil. Segundo o documento, grupos que estão em situação de vulnerabilidade e que sofrem, historicamente, violações de direitos básicos, como direito à moradia e ao saneamento universal, são os mais afetados.
“É fundamental, portanto, pensar em ações emergenciais de forma integrada, incluindo moradia – como conter despejos e apoiar a população desabrigada –, saúde, assistência social, dificuldades econômicas, educação, saneamento universal, entre outras questões. O que vimos durante a pandemia no Brasil são planos de emergência centrados no sistema de saúde, sem levar em conta outros assuntos inter-relacionados, como habitação”, considera a professora.
Importância da vacinação
A vacinação nas cidades é outro cenário analisado no Portal Modinterv Paraná Covid-19. Com base em dados disponibilizados pelo SUS, os pesquisadores constataram que, até 1º de junho, 35% da população adulta de Curitiba foi vacinada com a primeira dose, cerca de 512 mil pessoas. Menos da metade disso recebeu o reforço do imunizante, apenas 225 mil (15%).
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Nesse ritmo, ele calcula que a data provável para finalizar a vacinação de 95% da população curitibana adulta, com as duas doses, será início de janeiro de 2022. Isso porque, para atingir esse número, ainda é necessário imunizar cerca de 870 mil pessoas.
O modelo matemático mostra que há um atraso de mais ou menos 47 dias entre a primeira e a segunda dose em Curitiba. “Quando se atinge um certo número de vacinados com a primeira dose, por exemplo duzentos mil, esse mesmo número de pessoas com a segunda dose será alcançado em média 47 dias depois”. Vasconcelos destaca que o ritmo de vacinação é variável e pode aumentar ou diminuir. Caso isso aconteça, os percentuais serão alcançados antes ou depois das datas estimadas.
Lançamento oficial
O lançamento oficial do Portal Modinterv Paraná Covid-19 será feito nesta quinta-feira (10), às 16 horas, em um seminário promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Física da UFPR. Na primeira parte do evento, professor Giovani Vasconcelos e sua equipe apresentarão um modelo matemático que permite entender a evolução temporal de uma curva epidêmica e seus sucessivos estágios de crescimento. “Diante da complexa dinâmica de propagação do vírus, torna-se indispensável analisar os dados da pandemia nos seus diversos níveis: desde o local, como bairros de uma cidade, até o nível estadual e nacional”, explica o professor.
No seminário, também será apresentado o Portal Modinterv Paraná, em desenvolvimento pela Rede Modinterv Covid-19. Ao acessar o Portal, será possível acompanhar o número de casos confirmados de Covid-19, número de óbitos e a quantidade de pessoas vacinadas por regionais e municípios paranaenses, além de distritos sanitários da cidade de Curitiba. O modelo também deve mostrar a evolução da idade média dos óbitos e como ela se correlaciona com o aumento da cobertura vacinal, por exemplo, além de apresentar gráficos baseados em informações demográficas e indicadores socioeconômicos.
Situação da Covid-19 em Curitiba, Região Metropolitana e demais Regionais do estado: Análise espaço-temporal via Portal Modinterv Paraná
Data: 10 de junho de 2021
Horário: 16h
O evento será transmitido ao vivo e pode ser acompanhado pelo YouTube.