Que nojo!

Que sujeira é essa? Pilhas de lixo se acumulam nas Estações de Sustentabilidade de Curitiba!

O projeto prevê que o cidadão leve o lixo reciclável produzido até o ponto de coleta, mas claramente não está dando certo. Fotos: Aniele Nascimento.
O projeto prevê que o cidadão leve o lixo reciclável produzido até o ponto de coleta, mas claramente não está dando certo. Fotos: Aniele Nascimento.

Inauguradas com o objetivo de melhorar a reciclagem do lixo em Curitiba, as Estações de Sustentabilidade, depósitos de recicláveis que começaram a ser implantados em 2014, estão sofrendo com o descaso da população e consequente falta de manutenção por parte da prefeitura. Em pelo menos quatro das sete estações instaladas pela capital é grande a quantidade de lixo comum jogada – ou seja, material que não pode ser reciclado – o que gera mau cheiro, é visualmente incômodo e atrai ratos e outros animais.

Idealizado pela gestão do prefeito Gustavo Fruet, o projeto prevê que o cidadão leve o lixo reciclável produzido até o ponto de coleta, que tem compartimentos distintos para plástico, metal, vidro e papel. Na prática, porém, moradores do entorno das estações já encontraram televisores, lâmpadas quebradas, entulhos, sacolas com comidas e outros rejeitos depositados na parte externa das estações. “O pessoal não respeita, jogam de tudo até formar uma montanha de lixo”, explica Marcos Sávio, proprietário de um pet shop ao lado da estação do bairro Boa Vista.

De acordo com Sávio, funcionários da prefeitura limpam o local diariamente de segunda a sexta-feira, mas não é suficiente: “Sábado e domingo não tem a coleta aqui, então segundas-feiras de manhã são sempre muito complicadas”. Dos clientes que frequentam seu pet shop, Sávio diz que já ouviu inúmeras reclamações. “Ficam me perguntando o que é essa lixeira no meio da minha loja, criticando a escolha do bairro para o comércio”, conta o proprietário, que já viu ratazanas por ali diversas vezes.

Já na estação do bairro Cajuru, o problema do descarte incorreto se agrava pela pouca frequência da coleta. “Quando instalaram a estação, nos disseram que recolheriam o lixo todos os dias. Acabou que o caminhão vem só duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras”, relata Leonardo de Lima, operador de caixa de um restaurante em frente à estrutura. Para o estabelecimento em que Lima trabalha, a sujeira também representa um inconveniente muito grande, afastando clientes e dando a impressão de que o restaurante está relacionado ao problema. Mas o local, pelo contrário, faz uso dos contêineres apenas para descartar recicláveis. Problemas similares foram encontrados na estação do Tingui.

Além do lixo, os funcionários também precisam lidar com pessoas que usam a praça da estação Cajuru para consumir drogas. Segundo Lima, a presença dessas pessoas causa insegurança, especialmente porque há um parquinho ao lado da estação: “As crianças querem brincar, mas desse jeito fica complicado, já teve até gente fazendo sexo a céu aberto”, reclama.

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Estação desativada

Uma das sete estações instaladas em Curitiba, no bairro Santa Cândida, acabou sendo removida após um incêndio que destruiu parte da estrutura. O incidente, que ninguém sabe ao certo como aconteceu, foi há cerca de um ano. Desde então, não houve substituição dos contêineres. “Eles fazem falta. Aqui era muito bem cuidado, toda a vizinhança vinha trazer os recicláveis. O problema é que de vez em quando ainda vem gente deixar uns sacos de lixo, deixam no chão achando que vai ter recolhimento”, conta Licéria Silva das Almas, aposentada que é vizinha do local onde ficava a estação.

De acordo com Licéria, isso faz com que o lixo se acumule e tenha mau cheiro do mesmo jeito. Para a aposentada, uma das vantagens da estação era ter um local para depositar o lixo quando acontecia de esquecer de deixá-lo para fora de casa, nos dias da coleta municipal. “Além disso, separando bem certinho, a gente sabe que o lixo vai ter o destino correto”, avalia.

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Projeto parado

Similar a projetos de gestão de lixo instalados em países como Suíça e Japão, a iniciativa de 2014 previa a instalação de 75 estações por toda a cidade. Apesar de na época a prefeitura já ter explicado que a continuidade dependeria da aceitação e participação popular, não houve um anúncio formal sobre o plano subsequente.

A diferença na frequência da coleta de estação para estação, enquanto isso, se deve ao fato de a gestão de cada uma ser de responsabilidade de cooperativas de lixo diferentes. São as cooperativas que determinam quantas vezes por semana os rejeitos são recolhidos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), algumas estações acabam tendo menos problema com descarte incorreto por receberem maior variedade de resíduos, além de contarem com um funcionário operador. Essa estação é chamada de “tipo 2” e é encontrada no Sítio Cercado e da Cidade Industrial de Curitiba. Outra categoria de estação, chamada de “tipo 1”, tem espaço apenas materiais recicláveis, e é a que acaba recebendo mais materiais inadequados.

Resposta da prefeitura

Tanto o Departamento de Limpeza Pública quanto a Secretaria do Meio Ambiente afirmam estarem cientes dos problemas de vandalismo, descarte incorreto e sujeira nas estações. Por isso, o plano é readequar o sistema, de acordo com a localização e com o comportamento dos moradores do entorno. A pasta afirma que um estudo já vem sido desenvolvido para isso, mas não entrou em detalhes sobre prazos ou método de aplicação.

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