O médico-legista Daniel Colman, suspeito de realizar uma falsa perícia no corpo da fisiculturista Renata Muggiati, foi demitido pela governadora Cida Borguetti. A decisão consta no Diário Oficial Executivo do Paraná desta sexta-feira (08).
A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) já havia recomendado a demissão do servidor, no mês passado. Desde então, bastava apenas a governadora decidir se assinava ou não a demissão.
No Diário Oficial, Cida embasa sua decisão dizendo que o perito infringiu o Estatuto do Servidor dos Funcionários Civis do Paraná, ao omitir informações de grande importância no laudo, o que levou à polícia a uma falsa conclusão em relação à causa da morte da fisiculturista. Na esfera criminal, diz o documento oficial, a conduta corresponde a falso testemunho ou falsa perícia.
A investigação contra o perito começou por causa de uma “confusão” de laudos, observada na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Enquanto todos os outros laudos apontavam para um homicídio, o laudo emitido por Daniel mostrava a hipótese de um suicídio (de que Renata estava viva quando caiu do prédio). Diante disto, a DHPP passou a investigar também o perito e constatou que ele emitiu um laudo com informações falsas. A decisão da DHPP se baseou em outros dois laudos solicitados a outros peritos, que mostraram informações conflitantes com as dadas por Daniel.
Laudo verdadeiro
“Jamais falsifiquei laudo nenhum. Meu laudo é baseado na ciência, na técnica, na isenção e traz os fatos médicos. O médico legista dá a causa médica da morte, jamais invade a área alheia, em relação à causa jurídica da morte, seja ela acidente, homicídio ou suicídio. O medico legista não deve dar este tipo de resultado”, defendeu o médico, em entrevista divulgada pelo advogado, Omar Elias Geha, no final do mês passado.
Neste dia, Daniel afirmou que desde o começo o laudo feito por ele apontava que a morte de Renata Muggiati se deu por intensa ação traumática. “Se é questão de homicídio, suicídio ou acidente não compete a mim. Compete à investigação criminal concluir a causa jurídica da morte. Ressalto e falo novamente que eu nunca falei da questão do suicídio, em nenhum momento, nem nos autos e nem no meu trabalho”.
O advogado de Daniel informou, na manhã deste sábado, que assim que tiver acesso aos relatórios do processo disciplinar, irá entrar com recursos para tentar reverter a demissão e reintegrar Daniel ao quadro do IML. Ainda ressaltou que tudo não passou de um jogo político e que a demissão é porque Daniel trabalhava corretamente e não aceitava certas coisas erradas que ocorriam dentro do Instituto.
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