Verão chegando e muita gente já começa a pensar no Litoral do Paraná ou Santa Catarina como destino para às festas de fim de ano e férias escolares. Antes de aproveitar o mar e a areia, o turista vai precisar passar por pontos perigosos de rodovias paranaenses que tiveram um 2024 com acidentes, deslizamentos e mortes.
Um dos trechos críticos de descida da serra na BR-376, é a chamada “Curva da Santa”, localizada no km 668,7, integrando o trecho de Serra da BR-376/PR, que vai do km 660 ao km 679. Especificamente no sentido sul, há um declive de altitude de aproximadamente 700 metros, o que requer maior cuidado dos motoristas, para prática da direção defensiva, observando a sinalização e utilizando o freio motor.
Mesmo com sinalização e redutores de velocidade, o local costuma registrar acidentes, como ocorreu em 2021, quando um ônibus de turismo que saiu do Pará despencou em uma ribanceira resultado em 19 mortos.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), do km 666 e 668, foram 26 sinistros de trânsito, com 26 pessoas feridas e duas mortes, de janeiro a novembro de 2024. Dentre as colisões, foram cinco tombamentos, cinco colisões traseiras, quatro colisões por objeto, três incêndios, três saídas de leito, duas colisões laterais, dois engavetamentos, um atropelamento e um derramamento de carga.
Por que tantos acidentes?
A reportagem da Tribuna do Paraná fez o trajeto em um dia chuvoso. Nota-se facilmente placas de sinalização em bom estado, grande parte da pista em boas condições de conservação e agilidade no atendimento para quem tem problemas. Além disso, os dispositivos da área de escape são próximos. A pergunta que se faz, por que tantos acidentes para uma via com velocidade máxima de 60 km/h?
Para o engenheiro civil e especialista em gestão e planejamento de trânsito Hugo Alexander Martins, vários fatores explicam essa triste rotina de notícias envolvendo feridos e até mortos. “É um trecho de serra com descida que acaba aumentando a velocidade dos veículos e por ser uma via montanhosa, o motorista tem dificuldade de controlar o carro com esse ganho. Além disso, o desenho da pista contribui, e tem ainda a manutenção dos veículos que é preciso realizar pelo motorista. Um acidente grave sempre tem vários fatores envolvidos”, disse o engenheiro.
Outro ponto citado pelo especialista e que aparece nos boletins de ocorrência da PRF, é quanto aos erros do próprio condutor que insiste em ultrapassar em pontos proibidos e com pouca sinalização em trecho de serra, que costuma ter uma visibilidade prejudicada por névoa. “Quase todo o trecho sinuoso tem proibição de ultrapassagem com uma sequência de curvas que pode ter problemas pela falta de visibilidade, fora a sujeira de pista que pode agravar”, comentou Hugo Alexander.
“Falta consciência ao motorista”
No dia em que a Tribuna do Paraná fez o trajeto na BR-376, encontrou um motorista com problema no km 666. O caminhão em que ele seguia rumo à Itajaí, em Santa Catarina, com uma carga de 18 toneladas de peixes, apresentou falha no sistema de freios. Com as câmeras na rodovia, em menos de cinco minutos chegou uma viatura de apoio da concessionária responsável pelo trecho, a Arteris Litoral Sul.
“O sistema do caminhão alertou uma baixa no ar devido ao uso contínuo do freio. É bom aí parar para verificar o que está ocorrendo. Acredito que vai do profissionalismo do motorista em pensar na segurança dele e dos outros. Infelizmente tem gente que não dá bola e pode resultar em um grave acidente”, afirmou Wilson Cândido, caminhoneiro, e que estava vindo de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Polícia de olho
Outros pontos da BR-376 também precisam de atenção do condutor do veículo. Um caso que ficou marcado esse ano foi da carreta que tombou sobre uma van e matou nove atletas de remo de Pelotas, Rio Grande do Sul, no km 665.
Para o delegado Edgar Santana, responsável pela Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba, e acostumado a lidar com tragédias nas estradas, os motoristas precisam mostrar responsabilidade no limite de velocidade e da condição do veículo que conduzem. “A rodovia é extremamente perigosa, pois se trata de uma região de serra, mas vejo alguns problemas como o próprio motorista que conduz de maneira irresponsável sem observar o limite de velocidade e muitas vezes peca na qualidade técnica. Outro ponto é a manutenção dos veículos, vejo caminhões em situação precária e mesmo carros que estão com problemas seguindo sem condições”, afirmou o delegado.