Na manhã da última quarta-feira (29), a última coisa que a auxiliar administrativa, Maria Luiza Siqueira, imaginava era que o destino final da viagem de ônibus que faz todos os dias para o trabalho terminaria na Delegacia da Mulher, no bairro Alto da Glória, em Curitiba. Após sofrer assédio sexual dentro do Inter 2 e, ao contrário de muitas vítimas que preferem se calar diante dos abusos, ela “botou a boca no trombone” em busca de justiça.
A situação aconteceu por volta das 7h45, horário de pico, quando o ônibus – que estava lotado – circulava pela Avenida Artur Bernardes rumo ao Terminal Campina do Siqueira. “Eu estava em pé, de frente para a porta, quando um homem veio e parou ao meu lado. Só que ele ficou de costas para a porta. De repente ele simplesmente enfiou a mão entre as minhas pernas e apertou minhas partes íntimas”, conta.
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Assustada, Maria Luiza gritou por ajuda e um verdadeiro rebuliço aconteceu dentro no coletivo. “Afastaram ele de mim e me isolaram num assento preferencial. Eu estava muito assustada e só conseguia chorar. Eu olhava bem na cara do abusador e perguntava qual era o problema dele. Porquê tinha feito aquilo e ele ficou me olhando com aquela cara de paisagem. Como se não tivesse acontecido nada”, lembra. Passageiros que presenciaram a ação se mobilizaram – ainda dentro do coletivo – para impedir que o homem, identificado como João Godois, fugisse quando as portas abrissem.
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“Escoltado” pelas testemunhas, o homem foi retirado do ônibus no Terminal Campina do Siqueira, onde uma viatura da Guarda Municipal foi acionada. Algemado pelos policiais, João foi levado à Delegacia da Mulher onde Maria Luiza registrou boletim de ocorrência. De “ficha puxada”, os policiais revelaram que o abusador já tinha passagens pelo crime de assédio sexual mas, mesmo assim, ele foi liberado após assinar um termo circunstanciado.
De acordo com Maria Luiza, uma audiência foi marcada para o dia 6 dezembro, onde o homem deverá responder pelos suas atos diante de um juiz porém, até lá, ele ficará solto – já que foi liberado depois de assinar um termo circunstanciado. Para a vítima resta apenas um sentimento: revolta. “Não consigo entender como essa pessoa está solta. Ele pode estar hoje mesmo assediando outras meninas e ninguém faz nada”, desabafa.