A pandemia do novo coronavírus limitou o acesso a vários lugares e se serve de consolo, alguns problemas diminuíram em Curitiba. Acidentes de trânsito foram reduzidos sem a balada, o trânsito flui com mais agilidade com o home office e, além de tudo isso, crianças passaram a desaparecer com menor frequência. A queda chegou a 61%, se comparado ao ano de 2019, época que nem se imaginava a existência da covid-19.
Essa redução deve-se a mudança na rotina das crianças. As escolas estiveram fechadas em 2020, eventos foram cancelados e os pequenos ficaram mais dentro de casa, longe de pessoas mal-intencionadas ou mesmo em lugares que possam atrair a curiosidade como rios, lagos e represas. Os casos de desaparecimento infantil abrangem crianças de 0 a 12 anos e acontecem geralmente em parques, shoppings e outros espaços abertos quando há falta de orientação para as crianças. Em caso de abordagens por estranhos, o criminoso faz uso de técnicas de persuasão e se aproxima aos poucos da criança, utilizando-se, na maioria das vezes, da distração e a falsa sensação de segurança dos pais.
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No Paraná, o começo da década 90 foi trágico. Várias crianças sumiram, entre elas, o menino Guilherme Caramês, de 8 anos. Arlete Caramês, a mãe do garoto, lutou pela causa e foi uma das responsáveis pela criação do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE), em 1995. A delegacia tem a responsabilidade de centralizar o registro de ocorrência, apurar os fatos e inclusive prosseguir na investigação de inquéritos policiais já instaurados. Sendo assim, se uma criança desapareceu há 20 anos, o Sicride segue trabalhando para solucionar o caso especialmente com denúncias. Aliás, foi neste período que acabou com uma regra que só poderia avisar as autoridades após 24 horas do sumiço de alguém. Mudou a rotina e desapareceu do alcance dos olhos, relate imediatamente para a polícia.
Atualmente, o Sicride é comandado pela delegada-chefe Patrícia Paz, e conta com 12 policiais. Desde 2014, foram 994 casos de crianças desaparecidas e todos solucionados. Infelizmente, entra na estatística os óbitos como do menino João Miguel, de apenas dois anos que desapareceu no fim do ano passado em Cerro Azul, na região metropolitana de Curitiba, e foi encontrado morto em um rio. Em 2020, foram 87 crianças desaparecidas no Paraná, sendo 43 meninos e 44 meninas. Já em 2019, 224 crianças sumiram no estado, com 141 meninos e 83 meninas. O resultado de casos solucionados é importante, mas o alerta precisa estar sempre ligado. “A prevenção é sempre o melhor remédio e o importante é diferenciar muito a idade das crianças. Aos menores a dica é não tirar o olho, pois temos casos de crianças de 2 a 3 anos que desaparecem no menor tempo possível de desatenção. Quando estamos falando de crianças, não existe a lei de 24 horas para procurar a polícia. Se perceber uma demora ou retardo no retorno, entre em contato imediatamente com a gente. O boletim de ocorrência pode ser feito de maneira online. Entrando no sistema começamos a agir”, disse a delegada.
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Hora de agir
Quando o telefone toca na delegacia ou mesmo o boletim de desaparecimento surge na tela do computador, é hora de agir. A primeira ação é buscar a família para ter uma imagem da criança e conhecer a rotina. Se o filho tem costume de ir sozinho na casa de amigos ou mesmo de parentes, a ação da polícia é uma. Se for uma criança muito pequena e não tem condições de entender a localização, o método de investigação é outro. Aumenta-se equipe e utiliza até cachorros farejadores. “A primeira investigação é a conversa com familiares e já pedimos uma foto da criança para fazermos um cartaz ou mesmo já colocar a imagem no nosso sistema e redes sociais. Nesses contatos iniciais já verificamos a rotina da criança e com quem ela costuma estar, pois em muitos casos pode estar na casa de um parente. Se percebermos que a gravidade do caso é maior, já deslocamos equipe para o local do possível crime. Temos o reforço do Corpo de Bombeiros e usamos cães farejadores. O nosso objetivo é não falar para o pai e para uma mãe que o filho está desaparecido. Lidar com os pais que tem desaparecidos é difícil. É um sentimento inigualável e desconheço algo pior como esta angustia”, reforçou Patrícia.
Na questão envolvendo pré-adolescentes, a delegada alerta para as redes sociais como vilã. Além disto, o amor começa a ganhar espaço na idade e viagens de fim de semana sem avisar os pais faz parte do cotidiano da delegacia. “Pedimos atenção no dia a dia com aquela questão de perguntar com quem você tem andado e com quem você conversa nas redes sociais. Pedófilos usam deste ambiente para atrair crianças e se tornou tendência nos casos”, completou a delegada do Sicride.
Dicas para evitar o desaparecimento da criança
O sumiço de uma criança é sempre um assunto delicado de tratar, mas algumas medidas podem ser realizadas pelos pais para evitar o pior. Veja quais:
– Oriente seu filho a nunca a se afastar de você
– Nem a conversar ou aceitar coisas de estranhos
– Cuidados com a internet e fique atento sempre
– Oriente seus filhos a nunca dar informações como endereço, nome completo, idade e telefone
– Caso alguém insista em conversar, pedir fotos ou outras coisas estranhas, oriente-o que você sempre seja avisado
– Se atente as roupas que vestem
– Procure conhecer todos os amigos do seu filho, onde moram e com quem moram
– Acompanhe se possível todos os dias no trajeto Casa Escola/ Escola Casa. Se não der, avise a escola quem irá busca-lo
– Não deixar a criança com pessoas desconhecidas , nem que seja por um breve período de tempo
– Deixe marcado na agenda do telefone o número do Sicride (32703350)