O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) elaborou um caderno com propostas de curto prazo e de rápida implantação para o convívio seguro em espaços públicos, que permita, ao mesmo tempo, o fortalecimento econômico da cidade em meio à pandemia do novo coronavírus. Alguns dos projetos já começaram a ser implantados, enquanto outros dependerão dos protocolos adotados pelas autoridades sanitárias.
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Segundo a arquiteta Liana Valicelli, diretora de Informações do Ippuc e coordenadora do estudo, o trabalho envolveu técnicos de diversas secretarias municipais. “Focamos na segurança no convívio das pessoas, que acontece no espaço público”, conta. “Somos um órgão de planejamento urbano, então temos de estar atentos ao que acontece na dinâmica da sociedade.”
O documento, que por enquanto não deve ser disponibilizado publicamente, propõe, por exemplo, a possibilidade de bares e restaurantes ocuparem parte das calçadas e vagas de estacionamento com a colocação de mesas e cadeiras. Uma vez permitida pelos órgãos de saúde pública, a medida seria implantada por meio de demarcações no piso, garantindo um distanciamento seguro entre as pessoas.
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Algumas ilustrações foram elaboradas para apresentar o modelo, simulando a medida no Largo da Ordem, Setor Histórico e na Rua Prudente de Moraes. A sugestão pode ser aplicada a outras áreas da cidade onde haja condições e demandas similares, segundo o Ippuc.
Ainda no Largo da Ordem, o instituto projetou um novo layout para a Feira de Artesanato, que ocorre tradicionalmente aos domingos, contemplando um maior afastamento entre as barracas, além da organização do sentido do fluxo de frequentadores, com sinalização e separação por cones. O estudo propõe o funcionamento da feira em dois dias para reduzir o total de barracas. A Feira Livre de Orgânicos do Passeio Público, as feiras da Praça 29 de Março, das Mercês, do Alto da Glória e as feiras noturnas também estão contempladas no documento.
Há projetos de ocupação do espaço público para outros bairros da cidade. Para a Rua Izaac Ferreira da Cruz, no Sítio Cercado, é apresentado um novo arranjo para a localização dos ambulantes que atualmente ocupam a área das calçadas. As barracas seriam realocadas nas vagas de estacionamento próximos das esquinas, o que aumentaria o espaço de circulação de pedestres e proporcionaria maior distanciamento físico. “Esse é um projeto que pode se tornar permanente”, explica Liana.
No Tatuquara, a Rua Enette Dubard, polo comercial da região, o projeto prevê a ampliação temporária da área do passeio com a ocupação de uma faixa da rua. Segundo o Ippuc, a ação pode ser reproduzida em outras ruas comerciais da cidade, respeitando as características locais de cada implantação.
Na área da mobilidade, as propostas dão ênfase à intermodalidade, incluindo algumas ações já em vigor, como as ciclofaixas e a ampliação das calçadas aos sábados no entorno do Mercado Municipal. A medida foi tomada inicialmente de forma emergencial, segundo Liana, para garantir o funcionamento dos comércios da região, respeitando o distanciamento social no interior das lojas e ao mesmo tempo evitando a aglomeração nas calçadas.
Além disso, propõe-se a expansão da malha voltada à ciclomobilidade prevista no Plano de Estrutura Cicloviária de Curitiba. O projeto contempla uma ciclofaixa na Avenida Padre Anchieta conectada ao sistema de transporte coletivo e a recuperação da estrutura cicloviária da Rua João Bettega para a ligação com a Cidade Industrial de Curitiba.
O estudo fala ainda sobre ações sanitárias para aumentar a segurança dos usuários do sistema de transporte coletivo, como demarcações para distanciamento nas áreas de espera dos abrigos de ônibus e estações-tubo.
Há ainda propostas para as áreas de habitação de interesse social de Curitiba. Uma delas sugere criar condições para utilização de espaços de uso público como extensão da moradia e áreas de atividades e convivência sem aglomerações. O exemplo mencionado é a Vila Ulisses Guimarães, próxima ao Ribeirão dos Padilhas, na regional Pinheirinho, para a qual é proposto um projeto de horta comunitária que conjuga a segurança alimentar à criação de áreas de lazer. Haveria ainda áreas com hortas, praça de instruções, canteiros, jardim de flores e praça de colheita, modelo que pode ser replicado em diversas comunidades de Curitiba.
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Outro desenho do Ippuc são as chamadas ruas compartilhadas, uma ampliação temporária da área do passeio com a ocupação de parte das vias de tráfego de veículos, garantindo maior mobilidade para os pedestres e maior segurança para o convívio no espaço urbano, respeitando as normas sanitárias.