Com novos palcos e efeitos especiais, clima de ópera e casa lotada, o grupo teatral Lanteri encenou o espetáculo “Vida, Paixão e Morte de Jesus Cristo”, nesta sexta-feira santa (14), na Pedreira Paulo Leminksi.
A produção estima que tenha sido o maior público dos 39 anos em que o grupo encena ininterruptamente o auto de páscoa .
Como não é cobrado ingresso, é impossível precisar o tamanho da audiência, mas a Pedreira, que tem capacidade para 20 mil pessoas com as estruturas que normalmente separam o setor vip da plateia, estava cheia como nos grandes shows internacionais recentes, mesmo sem as divisórias de público.
A audiência foi ajudada pela noite estrelada de outono, ao contrário das últimas apresentações da peça, que foram prejudicadas pela chuva.
A dona de casa Vilma Borges diz que não perde a encenação há dez anos e sempre “chora e fica arrepiada”. “Eu venho direto porque é muito emocionante. A gente sempre tira uma coisa a mais. A mensagem fica e faz bem para alma”, descreve.
Investimento
Neste ano, o espetáculo contou como o patrocínio da Copel através da lei de Incentivo à Cultura. O investimento em estrutura se fez notar pela plateia.
A peça contou com cerca de 800 pessoas entre atores e figurantes e usou quatro palcos diferentes, alguns efeitos especiais e um sistema complexo de iluminação que diferenciava o cenário de acordo com as diversas passagens da vida de Jesus Cristo.
O espetáculo é uma espécie de “ópera bíblica” – sem números cantados, mas usando temas da música clássica que citam Jesus e a trilha sonora de filmes bíblicos como “O Rei dos Reis” e “Os Dez mandamentos”.
A peça é dividida em dois atos. O primeiro começa no nascimento de Jesus, seu batismo no rio Jordão (no caso, o lago da Pedreira), os primeiros milagres, as tentações, a arregimentação dos apóstolos e termina na expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém.
A segunda começa na santa ceia e mostra a conspiração que culminou na crucificação e termina com a ressurreição. Esta edição marcou a despedida do ator César Kusma do papel Jesus Cristo. “São muitas sensações ao mesmo tempo. É a minha décima quinta interpretação de Jesus. A última, porque o grupo tem que caminhar para a renovação”, disse. “Este pessoal [os personagens históricos] é o mais importante que temos no cristianismo, com uma postura ética de transformação e também de crítica à sociedade e as instituições que nós temos”.
Melhor que filme
Morador na cidade metropolitana de Campo Largo, o aposentado Francisco Mazur acompanha a encenação do Lanteri “chova ou faça sol” há mais de uma 25 anos. “É uma tradição da minha família na Semana Santa. É muito bonito. Um espetáculo. Antes a gente sempre via filmes sobre a história de Jesus no período da Páscoa, mas isso daqui é melhor que qualquer filme”.