A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (06), a Operação Poyais para aprofundamento da apuração da prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa. Diligências revelaram que a organização criminosa movimentou no Brasil cerca de R$ 4 bilhões pelo sistema bancário oficial.
Cerca de 100 policiais federais cumprem 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba. Além disso, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores. As ordens judiciais são cumpridas nas cidades de Curitiba, São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ).
As investigações contra organização criminosa suspeita da prática no Brasil e no exterior foi iniciada em março de 2022 após recebimento, por meio da INTERPOL, de informações e solicitação passiva de cooperação policial internacional da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília EUA.
Diligências iniciais revelaram que um brasileiro, e morador de Curitiba, possuía mais de cem empresas abertas no Brasil vinculadas a ele e, através de seu grupo empresarial, estaria lesando investidores não só no exterior, mas também em território nacional. “Descobriu-se que o crime era praticado em um escritório em Curitiba. As cifras das fraudes chegam a valores bilionários no Brasil, e envolvem o enriquecimento ilícito de reais, dólares e criptomoedas. Essa organização gastava de todo ordem com bens de luxo, como aeronaves, joias, embarcações, além de gastos indireitos com a manutenção dos bens”, disse Felipe Hille Pace, delegado da Polícia Federal.
Como funcionava o golpe?
No Brasil, constatou-se que o investigado iludiu milhares de vítimas que acreditavam nos serviços por ele prometidos, os quais consistiam no aluguel de criptoativos com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido. Alegando vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos, o investigado levava a erro seus clientes informando possuir grande equipe de traders que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas e, assim, gerariam lucro para suportar o pagamento dos rendimentos.
Simultaneamente, constatou-se que a mesma organização criminosa, com parceiros no exterior, desenvolvia fraude semelhante, porém focada em marketing multinível, nos Estados Unidos da América e em ao menos outros 10 países.
Outra estratégia usada pelos criminosos é que os criptoativos não possuíam lastros e não tinham liquidez no mercado, sendo usadas unicamente para continuidade das fraudes.
Enquanto parte dos recursos dos clientes era usada para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, joias, viagens e diversos outros gastos.
Após dilapidação dos recursos das vítimas, a organização criminosa passou a atrasar e logo deixou de pagar as remunerações mensais contratadas pelos clientes. Da mesma forma, bloqueou os pedidos de saques. Dentre as justificativas dadas, alegou problemas de ordem administrativa, financeira e técnica. Enquanto nenhuma solução concreta foi apresentada, a organização criminosa continuou a usufruir do patrimônio adquirido com os recursos das vítimas.