Sexta-feira Santa

Optou por bacalhau? Confira as dicas para identificar o peixe legítimo

Venda de bacalhau no Mercado Municipal de Curitiba. Foto: Aniele Nascimento / arquivo Gazeta do Povo.

Chegou a hora de pensar no cardápio do almoço da Sexta-feira Santa e a tradição manda que o preparo com bacalhau seja o prato principal da celebração. Não à toa, as peixarias e empórios já estão devidamente abastecidos com os mais variados cortes do peixe. Mas é preciso ficar atento para não levar um “tipo” bacalhau achando que é o legítimo. Por isso, preparamos essas dicas para você não ser enganado na hora de escolher o bacalhau.

Pela legislação, há apenas duas espécies que podem ser chamadas de bacalhau: a Gadus morhua e o Gadus macrocephalus. Ao rigor da lei, qualquer outro peixe salgado não pode ser designado assim.

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Para te ajudar na tarefa de como escolher o bacalhau da Semana Santa, o Bom Gourmet traz algumas dicas para reconhecer o verdadeiro.

Saiba como reconhecer e escolher o bacalhau

– Cod Gadus morhua: Também chamado de bacalhau do Porto, o bacalhau Gadus morhua tem postas altas e claras, e se desfaz em camadas tenras quando é cozido. Pode ser usado em todos os preparos com o peixe. A espécie habita os mares do Atlântico Norte e tem na Noruega seus principais exportadores.

– Cod Gadus macrocephalus: É muito parecido com o primo do Atlântico Norte, mas com a carne mais branca e não se desmancha em lascas tão uniformes. Não é muito encontrado no Brasil. Pode ser encontrado na região do Pacífico Sul.

É importante verificar o selo de inspeção da Vigilância Sanitária. É nele que devem constar as informações de procedência e a espécie do peixe, autorização de venda, corte e propriedades nutricionais, entre outros dados.  O preço de venda também precisa ser levado em conta.

Não existe bacalhau barato e nesse ano de 2022 ele está um pouquinho mais caro. Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas nesta semana, o item está, em média, 11,5% mais caro este ano em comparação com 2021.

‘Tipo’ bacalhau

Há outras quatro espécies de peixes salgados como o legítimo bacalhau, e que costumam ‘confundir’ o consumidor na hora da compra:

– Saithe: a carne é mais escura ou mais amarelada, com sabor mais forte e que desfia fácil depois de cozido. Geralmente é usado em bolinhos e tortas.

– Ling: com uma carne mais clara, tem uma espessura mais estreita e mais rígida.

– Zarbo: é um peixe pequeno e claro, com postas pequenas e com pouco sabor.

– Polaca do Alasca: semelhante ao Zarbo, este também pode ter uma tonalidade amarelada e mais rígida.

Congelado ou salgado?

Outra dúvida muito comum nesta época é se vale a pena comprar o bacalhau fresco ou salgado. O primeiro pode custar até 40% menos do que o segundo, mas a perda com a água do congelamento e o trabalho de temperá-lo não compensam a economia.

“O bacalhau salgado é bem superior ao congelado, fora o rendimento das postas. O salgado será hidratado e aumentará de tamanho, enquanto o processo de descongelamento terá uma perda de peso de 25% a 30%”, analisa o consultor Jaime Luís, que ressalta que o sabor do salgado será muito melhor.

Preparos

O bacalhau já salgado é a preferência de muitos chefs na hora do preparo, com diversos usos tanto das lascas como das postas inteiras. Diogo Utrabo, consultor e especialista em culinária portuguesa, explica que a preparação começa de dois a três dias antes.

“Para dessalgar o bacalhau eu deixo mergulhado na água por até três dias antes, trocando-a duas vezes ao dia. Aí você vai provando as lascas para sentir se ele fica saboroso antes ou se precisa de mais um tempo na água. É possível comprar o peixe já dessalgado, mas, como é uma produção em grande escala, o sabor não será o mesmo. Melhor é fazer em casa mesmo”, ensina.

Usos aos cortes do bacalhau

Utrabo dá dicas de usos para os cortes mais comuns que encontramos no mercado e como escolher o bacalhau certo para cada preparação.

– Lascas: Usado na maior parte dos preparos da culinária portuguesa, como às natas, bolinho, moqueca com legumes em panela de barro, etc.

– Lombo ou posta: Recomendado para ser preparado confitado em baixa temperatura com bastante azeite, à Lagareiro, Eça de Queiroz, entre outros.

A chef Joy Perine conta que é possível preparar pratos com os outros tipos de peixe que lembram o bacalhau. Para ela, o Ling e o Zarbo custam menos e também podem ter um espaço na mesa.

“O Ling, por exemplo, pode ter as lascas usadas em um bolinho de bacalhau, assim como o Zarbo, que também vai bem em caldos e pirões”, recomenda.

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