Raridade, amizade e liberdade. Três palavras com significados intensos que mostram a importância de levar a vida de maneira simples e honesta. Edson Ocimar Scandelari, o Scand, é figura carimbada no bairro Barreirinha, em Curitiba. Disposto a ajudar, esbanja bom humor e companheirismo para quem passa na região. Aliás, essas virtudes fizeram com que ele ganhasse de uma dupla sertaneja um ônibus que costuma ficar estacionado próximo de sua casa.
O veículo é um Mercedes Benz, ano 1976, carroceria Diplomata, da Nielson S/A. É um verdadeiro clássico, verde e branco na lataria toda de alumínio, 36 lugares com bancos reclináveis, banheiro na parte traseira, cortinas verdes, e um motor que faz aumentar a batida do coração dos apaixonados por clássicos da viação. A história do ônibus tem relação com a música sertaneja raiz.
Pertenceu a Jorge Luiz e Fernando, a dupla conhecida como aquela que “Canta com o Coração”. Sucesso nacional no começo da década de 1980, eles emplacaram sucesso como “Riozinho”, “Filho Pródigo”, “Chuva na Serra” e “O Andarilho”. Participavam de vários programas nacionais de televisão e faziam centenas de shows pelo Brasil, e viajavam com o verdão da Mercedes.
Fã de Jorge Luiz e Fernando, Scand conheceu a dupla em shows e mantinha contato com os músicos por telefone. “Sempre fui fã de musica sertaneja e deles. Acabamos nos aproximando, quando em julho de 2023, o Jorge pediu para que eu fosse até Sumaré, em São Paulo. Ele comentou do ônibus e falei que não tinha dinheiro para comprar, mas ele insistiu que eu fosse para lá”, disse o curitibano da Barreirinha.
O veículo estava parado em uma casa de eventos chamada Ilha Verde Anhanguera Show. Com a pandemia da Covid-19, os shows chegaram a ser proibidos, e a dupla sertaneja se deslocava quando necessário de vans ou carros menores. Quando Scand e mais quatro amigos chegaram no local combinado, a surpresa estava por vir. O ônibus viria para Curitiba de presente por parte da dupla musical.
“Foi muito emocionante, eu confesso que não esperava. Pensei na hora como a gente ia fazer para trazer o ônibus, mas na primeira tentativa de pegar deu certo. Uma grande aventura na viagem, tudo funcionou de boa”, relembrou o aposentado que teve no pai o maior exemplo de vida, um metalúrgico dos bons.
“Não troco por carro de luxo”
O ônibus costuma ficar estacionado próximo da residência do Edson na Avenida Anita Garibaldi. Atrai olhares de quem passa ou mesmo daqueles que trabalham na região. O proprietário já recebeu ofertas para vender o veículo pesado, mas não tem dinheiro que o faça negociar.
“Não vendo e não troco. Eu ganhei de presente, não é correto abandonar. Nenhum dinheiro do mundo muda meu pensamento ou mesmo um carro de luxo fará isso. É um valor sentimental, são situações da vida que é preciso manter conosco. Vou para a Represa do Capivari, estaciono e curto a paisagem com os amigos. Ainda quero colocar uma geladeira, algumas coisinhas, nada exagerado. O sertanejo é isso, simplicidade na vida”, completou Scand.
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