Dezenas de ônibus parados e vazios, carro de som, motoristas revoltados e passageiros sem entender o porquê da paralisação. Esse foi o quadro encontrado na Praça Rui Barbosa, no Centro de Curitiba, desde as 15h desta segunda-feira (24), quando motoristas e cobradores de Curitiba e região metropolitana (RMC) interromperam suas viagens em protesto contra a morte do motorista Edmilton José de Melo, 45 anos, assassinado durante um arrastão na madrugada do último sábado em Colombo. Além da praça, terminais também estão com os ônibus parados.
O protesto pegou muita gente de surpresa, principalmente os usuários do sistema de transporte público. Na Praça Rui Barbosa, onde a categoria se reuniu para a realização do ato, os ônibus faziam fila e davam a volta na praça, chegando até mesmo à rua Alferes Poli e complicando o trânsito na região.
E quem dependia dos coletivos precisou procurar uma alternativa para se locomover pela cidade ou encontrar uma forma de justificar o atraso. “Eu peguei o ônibus no Capanema com sentido Barigui e me pararam aqui. Eu já sofri arrastão, mas acho que [a manifestação] é invalida porque é uma vida que se foi, mas estamos constantemente passando por isso. O problema é muito maior, é preciso pedir mais segurança pública. Isso só atrapalha o trabalhador” reclama a passageira Rosimeri Rigotti, de 49 anos, que tentava encontrar uma forma de seguir viagem.
Havia até mesmo fila para usar os telefones públicos, quase sempre esquecidos em tempos de celular. Nos pontos, a espera e a impaciência também eram grandes.
Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), a adesão à paralisação foi total, com ônibus parando também em outras regiões da cidade, como o Terminal do Cabral, do Hauer e Guadalupe.
O protesto durou cerca de uma hora. Por volta das 16h, os primeiros ônibus voltaram a circular. No Terminal Guadalupe, um dos principais pontos de acesso entre Curitiba e a Região Metropolitana, a quantidade de passageiros aguardando para embarcar era grande quando os primeiros veículos voltaram a funcionar.
Lembrança
O protesto é para lembrar o motorista que foi assassinado durante um arrastão dentro de um ônibus da linha Curitiba/Jd. Paulista no último sábado (22) em Colombo, na RMC. “Dessa vez foi ele, mas poderia ter sido eu, pois também já fui assaltado durante o trabalho e uma arma foi colocada na minha cabeça. Nós solicitamos mais segurança pra nós e pra todos os usuários do transporte coletivo”, afirmou o motorista Humberto Pacheco, que atua há nove anos na Expresso Azul.
Para evitar que situações como essa se repitam, a classe solicita que sejam implantadas câmeras de monitoramento a partir da campanha “Filmadora Já”, que cobra a instalação de câmeras de segurança em todos os ônibus que circulam por Curitiba e região metropolitana.
Conforme o Sindimoc, a ideia, depois dos atos, é também se reunir com a Sesp para propor novas formas de proteção aos passageiros, motoristas e cobradores. A entidade promete levar até a pasta a proposta de criação de uma delegacia especializada em crimes no transporte coletivo – atualmente, a Guarda Municipal de Curitiba conta com uma patrulha especializada no transporte público.