O Sindicato de Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região (Sindimoc) faz assembleia nesta quinta-feira (8) para votar indicativo de greve em protesto à proposta do prefeito Rafael Greca (PMN) encaminhada à Câmara Municipal para adoção do sistema de bilhetagem eletrônica em toda a rede, o que geraria a extinção do cargo de cobrador. A assembleia da categoria será às 15h na Praça Rui Barbosa, no Centro, um dos principais destinos das linhas na cidade.
Com isso, pode haver interferência nos horários dos ônibus no período em que o indicativo é votado – como aconteceu nas últimas assembleias da categoria. Pela Rui Barbosa passam dezenas de linhas que ligam bairros ao Centro de Curitiba, entre elas os biarticulados Pinheirinho e Centenário-Campo Comprido.
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O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, garante que a assembleia não vai interferir na tabela dos ônibus nesta quinta. Segundo o sindicalista, a orientação é para que só participe da assembleia os trabalhadores que já tiverem cumprido seu expediente ou que estiverem de folga no dia.
“Não estamos convocando nada de paralisação. Não é isso. Vamos sim discutir como ficarão os trabalhos da categoria. Agora, se o trabalhador em horário de trabalho achar importante a participação na assembleia também é um direito deles. Não vamos impedir”, aponta Teixeira.
Na tentativa de que as linhas não atrasem nesta quinta-feira, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) emitiu nota enfatizando que vai acionar o Sindimoc na Justiça caso aconteçam atrasos. “O Setransp vem novamente a público para alertar o Sindimoc de que buscará reparação na Justiça caso a assembleia da categoria, marcada para quinta-feira (8), afete o serviço regular de transporte coletivo, prejudicando não apenas os passageiros, bem como o comércio, a indústria, os colégios e hospitais”, reforça o texto do sindicato patronal.
Na nota, o Setransp pontua ainda que considera “desproporcional e descabida” a possibilidade de greve porque o projeto ainda está em fase inicial de tramitação na Câmara. Ainda segundo a entidade patronal, a pauta dos trabalhadores estaria desrespeitando parte do que foi acordado em convenção coletiva. ”O Setransp está cumprindo o que foi acordado na Convenção Coletiva: garantindo estabilidade por 12 meses, dando ciência aos trabalhadores e disponibilizando a requalificação”, diz a nota. Teixeira afirma que o Sindimoc não foi oficialmente comunicado sobre a decisão das empresas.
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O projeto
Toda a discussão gira em torno de um projeto de lei enviado por Greca à Câmara no fim de outubro. A proposta altera a lei a lei nº 10.333, de 2001, que permite a instalação do sistema de bilhetagem eletrônica de forma exclusiva em todo o transporte coletivo da capital, eliminando, assim, a função dos cobradores.
De acordo com o projeto, a medida visa trazer mais agilidade ao transporte coletivo, além de aumentar a segurança para os passageiros e os trabalhadores do sistema. Segundo a mensagem enviada pelo prefeito, o pagamento das passagens pelo sistema eletrônico reduziria em 90% o número de assaltos nos ônibus
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Para o Sindimoc, no entanto, a medida é “absurda e descabida” diante do número de desempregados no país. “Levantamento que o Sindimoc fez em 43 cidades do Brasil mostra que em todas as cidades em que o cobrador foi retirado a passagem não caiu de preço”, defende a entidade logo após o início da tramitação do projeto.
No início da gestão de Rafael Greca (PMN), a prefeitura já havia sinalizado que pretendia substituir o trabalho dos cobradores pela bilhetagem eletrônica. Em 2017, o então presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), José Antonio Andreguetto, afirmou que o Executivo estudava reduzir o número de trabalhadores para diminuir o custo da passagem.
Essa não é a primeira vez que a prefeitura de Curitiba estuda tirar os cobradores do transporte púbico. Em 2014, o então prefeito Gustavo Fruet (PDT) trouxe a possibilidade para discussão, mas a ideia foi engavetada.
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