Os ônibus alimentadores que fazem parte do transporte coletivo de Curitiba são alvo de reclamação de quem utiliza esse tipo de linha. De acordo com os relatos, o tempo de espera desses veículos, que quase ultrapassa uma hora, atrapalha nas atividades do dia a dia, pois acaba causando o atraso em algumas situações, como no trabalho, por exemplo. Usuários do transporte também apontam que possuem a sensação de que o problema começou após a pandemia da covid-19.
Conforme a definição da Urbanização de Curitiba (Urbs), as linhas alimentadoras ligam os terminais de integração aos bairros de cada região. Elas são operadas por veículos tipo micro, comum ou articulados, nas cores laranja ou amarela.
Pagando R$ 6 na passagem, uma das pessoas que vive essa situação é a passageira Flávia Berberi. Ela pega o alimentador Rio Negro para fazer o trajeto do Terminal do Pinheirinho até o bairro Sítio Cercado. O problema é o tempo de espera para conseguir embarcar no veículo.
“Parece que diminuíram a frota, quando a gente perde um espera pelo menos uns 40 minutos para o próximo. É bem cansativo. Isso em dia de semana. Sábado e domingo é pior, demora 1 hora para o próximo”, relata.
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A situação ficou ainda pior depois que o alimentador mudou o horário que passa no terminal. Agora, Flávia precisa sair antes do trabalho para conseguir pegar o ônibus sem precisar esperar por muito tempo. “E isso faz a fila do ônibus ficar bem grande também, daí todo mundo vai amassado. Isso no horário depois das 18 horas, que é quando eu uso o alimentador”, explica.
Sem outra alternativa, Flávia acaba esperando, pois essa linha é a única que passa perto da casa dela. “Tenho a impressão que antes tinha mais ônibus. Agora parece que tem menos por essa demora”, acrescenta.
Irmã de Flávia, Fabiana Berberi também utiliza o alimentador Rio Negro para fazer o sentido contrário: do bairro até o Terminal do Pinheirinho. Ela afirma que é comum atrasar a viagem pelo tempo de espera, que chega até 50 minutos.
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Como uma solução para o problema, Fabiana prefere andar mais para pegar outro tipo de ônibus. “Prefiro ir para a estação-tubo mais próxima para pegar um ligeirinho”, conta. Ela também compartilha a sensação de que a frota foi reduzida durante a pandemia e não voltou ao normal.
“A gente fica esperando até a morte chegar”, diz curitibana
O problema também é confirmado por Leonilda Marta Schellin, que revela que já ficou mais de uma hora em um ponto no Juvevê esperando por um ônibus para voltar para casa, na região do Centro Cívico. “Foi durante a tarde, em um dia útil. Fiquei uma hora lá. Perguntei para uma mulher que estava no ponto se o ônibus ainda passava por lá. Ela me disse que ele leva uma hora, no mínimo, porque há somente um ônibus. Isso é uma rotina, eu acho inaceitável”, reclama.
Insatisfeita com o transporte, Leonilda faz uma comparação com o tempo de espera: “a gente fica esperando até a morte chegar”.
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Urbs afirma que frota de alimentadores não foi reduzida
Procurada pela reportagem da Tribuna do Paraná, a Urbanização de Curitiba (Urbs) afirma que a frota de linhas alimentadores não diminuiu antes e durante a pandemia da covid-19, continuando com um total de 142 linhas. Já após a pandemia, a frota aumentou, com o acréscimo de sete novas linhas, passando a totalizar 149.
As linhas reforçadas são: 832 – Posiville / INC, 722 – Complexo Industrial, 723 – Emilio Romani, 177 – Cabral / Parque Tanguá, 794 – Parque Lago Azul e 529 – Parque Náutico e 237 – Parque Atuba.
Quanto ao número de passageiros, a Urbs detalha que grande parte dos usuários do sistema expresso são oriundos das integrações das linhas alimentadoras. Como exemplo, a empresa cita o dia 22 de novembro de 2023, quando 161.373 passageiros usaram a linha alimentadora. O número total do dia, contabilizando todas as linhas, foi de 594.122 passageiros.
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“O sistema de transporte coletivo de Curitiba como é conhecido mundialmente, opera em sistema de Rede Integrada de Transporte – RIT, onde o passageiro ao embarcar em uma linha alimentadora, poderá percorre toda a RIT com o pagamento de apenas uma passagem. Com o acesso aos terminais de integração os passageiros poderão fazer seus deslocamentos da forma que lhe convier”, diz Urbs.
Transporte coletivo de Curitiba ainda não atingiu os mesmos números de antes da pandemia
Com relação ao período da pandemia, a Urbs sinaliza que trouxe “consequências drásticas para os sistemas” e que até o presente não foi normalizado. “O sistema de transporte coletivo por ônibus de Curitiba ainda não retornou ao seu volume de passageiros, se comparado a novembro de 2019, quando tínhamos uma utilização média diária de passageiros de catraca de 734.626 em dias úteis e estamos atualmente, com dados de 10/01/2023, um total de 493.612 passageiros de catraca, o que representa uma queda percentual de 32,81%”, informa nota.
Levando em conta o período de férias, a Urbs acrescenta que em meses normais, como novembro de 2023, os números também continuam abaixo de 2019. “Na data de 07/11/2023 quando o total de passageiros de catraca alcançou um total de 616.418, o maior volume até o momento do período pós pandemia, o que representa ainda, uma redução de 16,09%. Com uma diferença de 118.208 passageiros.”
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Por conta dessa redução, a empresa justifica algumas ações, como a reformulação de algumas linhas, para minimizar os custos de operação.
“Algumas medidas foram necessárias para minimizar os custos operacionais do sistema e, portanto, algumas linhas foram redimensionadas para a realidade de passageiros que as utilizam, principalmente nos horários de entre pico, que corresponde o período entre às 08h30 e às 16h30. Para estes casos, a sugestão é que os usuários utilizem o serviço de Itibus no qual é possível que o passageiro possa acompanhar a localização dos veículos em operação nas linhas de ônibus da cidade de Curitiba em tempo real, e assim diminuir o seu tempo de espera dos ônibus”, destaca.